Cultura de ansiedade de guerra e a violência pós-imperial: percepções brasileiras sobre os conflitos na Europa Oriental entre 1918-1923

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Medeiros, Pedro Paulo de Magalhães
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-31032022-164744/
Resumo: A desmobilização que era esperada após a assinatura do Armistício de Compiègne, em 11 de novembro de 1918, entre a Alemanha e as potências Aliadas, não ocorreu. Ao longo dos anos seguintes, um amplo arco de violência estendeu-se por toda a Europa do Leste, Sul e Central envolvendo atores e grupos violentos com visões ideológicas e projetos de sociedade conflitantes que disputavam o controle dos novos Estados que emergiram dos escombros dos Impérios Centrais. Jay Winter identifica nesses conflitos uma continuação da Primeira Guerra Mundial nos quais prevaleceu a cultura de ansiedade de guerra, marcada pelo ódio e ressentimento direcionado aos exércitos estrangeiros e à população civil. Tais sentimentos possuíam raízes profundas, porém ganharam maior dimensão e ímpeto durante os primeiros anos da Grande Guerra. Alocados na Áustria e no recém-fundado Estado polonês, diplomatas brasileiros foram espectadores privilegiados dos conflitos desses anos, aos quais Winter chama de Segunda Grande Guerra. Presenciaram e anteviram as possíveis alterações da ordem que poderia decorrer da situação calamitosa dos povos na região. Seus relatos revelam um ambiente em que predominava uma mentalidade combativa que promoveu ainda mais a divisão interna e que se materializou em conflitos étnicos, revolucionários e em violência de rua. Revelam, também, que eles próprios foram afetados por essa atmosfera, temorosos para com a própria vida, hostis para com os bolcheviques e incertos quanto ao futuro dos novos Estados e do próprio Brasil diante da possibilidade de expansão da Revolução Russa.