A experiência das raízes e o dekassegui : um estudo de psicologia social a partir de reconstrução autobiográfica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Watanabe, Alexandre Farias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-06062008-113904/
Resumo: O termo dekassegui aponta a condição do trabalhador estrangeiro e nipo-descendente na indústria japonesa. Pressionado por perspectivas adversas de emprego no Brasil e estimulado pela legislação no país de destino, aceita submeter-se a trabalhos não-qualificados, atraído pelo valor de câmbio da moeda japonesa e com planos de retorno vantajoso após alguns anos. Esta pesquisa pretende um estudo qualitativo de Psicologia Social atento aos temas antagonistas do enraizamento e do desenraizamento, duas noções advindas da experiência e obra de Simone Weil e Ecléa Bosi. Nossas hipóteses formaram-se em torno de duas suposições principais: 1) A condição dekassegui, em grande medida, instaura desenraizamento a) por quase deter o indivíduo no regime alienante e absorvente do trabalho subalterno e simples, impedindo ou empobrecendo a participação do nipo-descendente e sua nova experiência de cidade; b) por acompanhar uma inesperada resistência e até hostilidade dos japoneses contra os nipo-descendentes. 2) A possibilidade da condição dekassegui, ainda assim, apoiar e satisfazer o anseio por uma experiência do Japão e da cultura japonesa, é dependente da qualidade dos motivos que carregaram o nipo-descendente. Há motivos que não parecem bastar para tanto: motivos sobretudo econômicos ou motivos demais ideológicos (estes associados à construção de figuras sublimes ou soberbas do Japão e dos japoneses). Todavia, outra motivação parece estar por trás de alguns dekasseguis: incluindo e superando motivos econômicos e ideológicos, o anseio por conquistar, beneficiando-se da ida ao Japão, uma raiz, uma orientação psicossocial e cultural a respeito de si próprios; o anseio por consolidar o que podemos designar como uma \"identidade de trânsito ou de troca\" em lugar de uma identidade dilemática e dividida (a angustiante identidade do estrangeiro permanente, japonês no Brasil e brasileiro no Japão). Por meio de reconstrução autobiográfica (o próprio pesquisador viveu oito meses a condição dekassegui), pretendemos identificar e discutir temas que representem marcos fortes (muito significativos ou muito enigmáticos) da experiência dekassegui, de maneira a confirmarmos ou infirmarmos as hipóteses acima.