O ensaio como experiência transformadora de si: perto de Michel de Montaigne, Orson Welles, Joseph Jacotot e de mim mesmo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Prata, Miguel Atticciati
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27156/tde-27122019-155401/
Resumo: A pesquisa realiza um repouso em torno da pergunta: o que é ensaiar? Toma como ponto de partida a escrita de Michel de Montaigne, que ele mesmo nomeou como Ensaios, sendo o primeiro a deslocar o sentido de uma palavra antiga para algumas das acepções que temos hoje. De forma a iluminar este estudo, utiliza-se como definição provisória a ideia de Michel Foucault para o ensaio: experiência modificadora de si no jogo da verdade. Por este recorte, a leitura dos Ensaios é direcionada por dois focos: o problema da verdade e da mentira para o autor e a relação estabelecida por Montaigne entre sua vida e sua obra. Na segunda parte, ventilados mais sentidos para a palavra ensaio, esboça-se um deslocamento até as noções de práticas de si e de exercícios espirituais da filosofia na antiguidade - tratadas por Michel Foucault e Pierre Hadot. Nesse deslocamento, discute-se aproximações e afastamentos entre algumas das lógicas do ensaiar e da techné tou biou (arte de viver). Desta discussão chega-se na pergunta: se a filosofia moderna se afastou da lógica de exercício sobre si mesmo, o caminho na arte foi o inverso? Estaria a arte, desde a modernidade, incorporando exercícios e práticas de si? Da pergunta desviamos para Orson Welles, nos detendo em dois projetos do diretor em que a relação entre realidade e ficção apareceu como problema: It\'s all true (projeto inacabado) e F for fake (1973). As formas com que o diretor trata seus objetos ampliam nosso olhar para o gesto de ensaiar. Nas últimas partes, me detenho e escrevo sobre algumas de minhas experiências no projeto Ensaios ignorantes, compreendendo o ensaio também como um lugar de aprender (e ensinar) o que (ainda) se ignora em cena, em aula, na vida.