Comoções: imagens de São Paulo e outras viagens no cinema

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Fontenelle, Romullo Baratto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-15082024-101237/
Resumo: ESTA TESE TEM como foco de interesse a representação da cidade de São Paulo no cinema. Reconhece a filmografia paulistana como campo iconográfico fecundo para a análise de sítios urbanos - e visita esses lugares através da reincidência das paisagens nos filmes. Apropria-se da noção de atlas enquanto dispositivo que permite a organização e montagem de imagens de forma não necessariamente linear para estabelecer relações cruzadas entre lugares de São Paulo registrados em filmes produzidos em diferentes momentos dos séculos XX e XXI. A partir da localização de cenas e sequências fílmicas no espaço urbano, traça cartografias que ampliam o próprio escopo dos filmes e permitem criar paisagens novas e imaginárias da cidade. Para tal, apoia-se no trabalho seminal de Giuliana Bruno, Atlas of Emotion: Journeys in Art, Architecture, and Film, e explora a emoção como elemento essencial do cinema, destacando a relação intrínseca entre movimento, sentimento e memória. A palavra emoção, com sua raiz latina emovere (mover para fora), trazida para o campo do cinema, denota a capacidade dos filmes de emocionar e mover os espectadores por cartografias físicas e sentimentais. O primeiro capítulo, chamado Cartografias de São Paulo, propõe a construção de um atlas fílmico - uma coleção de cartografias e imagens - a partir de análises de locações em filmes. Explorando sítios emblemáticos como o Vale do Anhangabaú, Avenida Paulista, e também lugares arquetípicos, como pensões, cortiços e avenidas, o estudo examina como diferentes filmes apresentam esses espaços, lançando luz sobre as reincidências e o papel desses locais como personagens nas narrativas ficcionais. A abordagem cartográfica e a compreensão das posições de câmeras também contribuem para a análise do espaço urbano nos filmes. O segundo capítulo, intitulado Viagens, se aprofunda em temas como desterramento, modernização urbana, paisagens marginais e a representação da rua a partir de análises comparativas entre filmes paulistanos e outras cinematografias - notadamente, o Novo Cinema português e a Nouvelle Vague francesa - ampliando o escopo da pesquisa para além dos limites territoriais de São Paulo. Este atlas, embora reconhecendo sua incompletude diante do crescimento contínuo das coleções visuais da cidade, busca ser um dispositivo visual que promove diálogos entre as representações cinematográficas e a cidade concreta, destacando a sobreposição de elementos físicos e imateriais, memórias, imaginação e emoções que compõem a paisagem urbana. Compreende-se, ao fim, que no cinema as paisagens não são necessariamente sólidas, podem ser movediças. Lugares e locações se movem e são mobilizadas pelo aparato técnico e pela narrativa do cinema para nos transportar e emocionar.