Transplante autólogo de células tronco hematopoiéticas no tratamento de esclerose múltipla

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Daniel Abreu
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17161/tde-11042024-111716/
Resumo: Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é a doença inflamatória autoimune mais prevalente do sistema nervoso central. Até o momento, não existe cura para a doença. Entretanto, nas últimas décadas, diversas estratégias e terapias vêm sendo desenvolvidas, entre elas, a ablação do sistema imune seguido pelo transplante autólogo de células tronco hematopoiéticas (AHSCT). Estudos nacionais que utilizaram o AHSCT no tratamento de pacientes com EM envolvem número pequeno de pacientes, tornando necessário aprofundar os conhecimentos sobre a eficácia do AHSCT no tratamento da EM, utilizando para isso dados da maior coorte histórica nacional nos últimos 20 anos. Objetivos: Avaliar a eficácia e o impacto do AHSCT no tratamento de pacientes com EM e sua associação com incapacidade, aferida pelo EDSS (Expanded Disability Status Scale); taxa anualizada de surtos (ARR); ressonância magnética como biomarcador de atividade de doença; estado de não evidência de atividade de doença (NEDA) em uma coorte brasileira. Metodologia: Estudo com desenho misto do tipo observacional descritivo e analítico através de coorte retrospectiva com duração de 15 anos, no qual foram incluídos pacientes com EM submetidos ao AHSCT no período de 2002 a 2019 pertencentes ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Resultados: a amostra total foi de 99 pacientes, sendo 38 pacientes (38%) da forma clínicas remitente recorrente (EMRR), 15 pacientes (15%) da forma primariamente progressiva (EMPP) e 46 pacientes (46%) da forma secundariamente progressiva (EMSP), que utilizaram regime de condicionamento com BEAM/ATG (12%) e Ciclofosfamida/ATG (88%). A mediana do EDSS antes do procedimento foi de 6,0 (Amplitude interquartil [AIQ]; 4,5 - 6,5), com evolução dos valores para 5,0 (AIQ; 4,25 - 6,5) ao final do 1° ano de seguimento, 6,0 (AIQ; 4,88 - 6,5) entre o 1° e 5° ano de seguimento; 6,5 (AIQ 6,0 - 7,12) entre o 5° e 10° ano; 6,5 (6,0 - 7,0) entre o 10° e 15° ano. A mediana da ARR foi 0,0 (AIQ; 0,0 - 0,0) durante todo seguimento. A incidência da atividade radiológica foi 5.4%, 12%, 27% e 4.3% ao fim do 1° ano, entre o 1° e 5° ano, entre o 5° e 10° ano e entre o 10° e 15° ano, respectivamente. A taxa de não evidência de atividade de doença (NEDA) foi de 72% ao fim do primeiro ano, 35% entre o 1° e 5° ano, 16% entre o 5° e 10° ano e 8.7% entre o 10° e 15° ano. A taxa de mortalidade (TRM) em 100 dias foi 3%, estando associada ao regime de condicionamento com BEAM/ATG (p=0.001). 33% dos pacientes necessitaram do uso de terapia adicional durante o seguimento por falha terapêutica. Conclusão: Nossos resultados demonstraram maior benefício do transplante nos desfechos clínicos avaliados a curto prazo, com redução das taxas de NEDA ao longo do tempo. Concluímos que o AHSCT pode ser uma opção terapêutica no tratamento de pacientes portadores de EM em centros especializados.