Associação da apneia obstrutiva do sono e da curta duração do sono com a função renal em pacientes com doença arterial coronariana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Furlan, Sofia Fontanello
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-15012019-094417/
Resumo: Introdução: A doença arterial coronariana (DAC) constitui uma das principais causas de mortalidade mundial à despeito dos avanços no seu tratamento. Neste sentido, importantes comorbidades podem contribuir para este cenário desfavorável. Um dos fatores de pior prognóstico nos pacientes com DAC é a presença da doença renal crônica (DRC). Entre os potenciais novos candidatos para este prognóstico desfavorável, podemos citar os distúrbios do sono. Diversos estudos sugerem que a apneia obstrutiva do sono (AOS) e a curta duração do sono (CDS) isoladamente estão associados com piores desfechos cardiovasculares, incluindo uma maior incidência de DAC. No entanto, não está claro se a interação da AOS com a CDS está associada com pior função renal e com maior taxa de DRC em pacientes com DAC bem como maior taxa combinada de eventos cardiovasculares e não cardiovasculares. Métodos: Foram recrutados pacientes consecutivos com DAC estabelecida (pacientes com indicação clínica para a intervenção coronária percutânea, ICP) eletiva. Após a realização da ICP com implante de stent com sucesso (estenose residual < 20% e fluxo TIMI 2- 3), todos os pacientes foram submetidos à monitorização do sono com a poligrafia portátil (Embletta Gold®) por uma noite (ainda durante a internação hospitalar) e à actigrafia de pulso (Actiwatch 2, Respironics®) durante sete dias (após o retorno do paciente às atividades habituais). Definimos a AOS por um índice de apneia-hipopneia (IAH) >=15 eventos/hora e a CDS por <6 horas por noite de sono. Nós estratificamos a associação da AOS, da CDS e a interação de ambas baseada na taxa de filtração glomerular (TFG) e a presença de DRC com exame de creatinina coletado pré-ICP. Estimamos a TFG usando a equação do Chronic Kidney Disease: Epidemiology Consortium (CKD-EPI) de forma contínua e categorizada em dois níveis: TFG < 60mL/min/1.73 m2 (diminuição moderada a grave) e TFG > 60mL/min/1.73 m2 (normal ou levemente diminuído). Após o exame do sono, o seguimento clínico foi realizado por meio de ligações telefônicas e checagem dos prontuários com 1 mês, 6 meses e depois anualmente procurando avaliar a ocorrência de eventos cardiovasculares fatais e não fatais de forma sistematizada. Resultados: Foram estudados 262 pacientes (64,1% sexo masculino, idade média: 63±10 anos e índice de massa corpórea [IMC] 27,8±4,4 Kg/m2). A frequência da AOS e CDS foi de 58,4% e 25,6%, respectivamente. Pacientes com AOS apresentaram pior TFG em relação aos pacientes sem AOS (62±26 vs. 74±20 mL/min/1,73m2, p < 0,001) e consequentemente maior taxa de DRC (42,1 vs. 26,6%, p=0,009). Em contraste, a TFG foi similar nos pacientes com e sem CDS (65±29 vs. 68±23 mL/min/1,73m2, p=0,38) e uma frequência não significante de DRC (44.8 vs. 32.5%, p=0.07). Na análise multivariada, AOS, mas não a CDS, foi independentemente associada com a TFG: beta= -10,57 (-16,46 - - 4,68), p < 0,001) e com a DRC (OR=1,95; 95% IC=1,12-3.38, p=0,01). As interações da AOS e da CDS com a TFG e a presença da DRC não foram significantes. Os resultados permaneceram similares após avaliarmos a AOS (pelo IAH) e a duração do sono de forma continua ou ao classificarmos a CDS como < 5 horas. Em uma análise exploratória, após seguimento mediano foi de 25 meses, ocorreram 43 eventos cardiovasculares (15 infartos agudos do miocárdio; 1 revascularização do miocárdio; 6 acidentes vasculares cerebrais; 7 óbitos cardiovasculares e 14 reestenoses de stent). Considerando os eventos combinados, não encontramos até o momento diferenças significantes entre os grupos com AOS e CDS quando comparados aos respectivos grupos sem estes distúrbios. Conclusão: Em pacientes com DAC, a AOS, mas não a CDS, foi independentemente associada com pior TFG e DRC, marcadores de pior prognóstico nestes pacientes