Ecologia Política da comida e nutrição em duas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira (Estado de São Paulo, Brasil)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Prado, Vânia Luísa Spressola
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-06062011-073004/
Resumo: Quilombolas são descendentes de escravos africanos. Os quilombolas do Ribeira estão estabelecidos em áreas remotas ao longo da Bacia do Rio Ribeira de Iguape (sul do Brasil), cobertas pela vegetação da Mata Atlântica, um dos hotspots de biodiversidade do mundo. Desde os primórdios da ocupação (século XVIII), os quilombolas tem sido historicamente dependentes do cultivo de arroz, milho, mandioca e feijão pelo sistema de corte-e-queima. No entanto, desde a década de 1970, seus estilos de vida vem sendo profundamente alterados por mudanças da economia-política regional como, por exemplo, a construção de estradas e escolas rurais, o estabelecimento de áreas de conservação na região e pela implementação de programas governamentais de transferência de renda. Assim, algumas tendências locais consistem no aumento da renda e na substituição do cultivo de corte-e-queima pela intensificação agrícola e trabalho assalariado. Para compreendermos como as mudanças nas estratégias produtivas podem estar interagindo com os padrões nutricionais locais, coletamos dados de dieta, antropometria e alocação de tempo dos indivíduos de duas comunidades quilombolas peri-urbanas/rurais. As pessoas da primeira comunidade encontram-se mais voltadas para o plantio de cultívares comerciais, trabalho assalariado e artesanato do que aquelas da segunda, que orientam suas atividades produtivas sobretudo para a agricultura de subsistência e para o extrativismo de produtos florestais não madeireiros. Apesar das diferenças nas estratégias produtivas, encontramos os mesmos padrões de dieta e de atividade física em ambas as comunidades: seus núcleos calórico-proteicos parecem ser constituídos por comidas ricas em calorias, processadas ou provenientes de animais domesticados e em ambas as comunidades parece haver uma tendência de redução quanto à demanda energética associada às atividades produtivas a ocorrência simultânea destas tendências caracterizam a ocorrência de um processo demográfico mais amplo chamado Transição Nutricional (TN) (Popkin e Gordon-Larsen, 2004). Em conclusão, nossos dados sugerem que independentemente da estratégia produtiva adotada, ambas as comunidades passam por de TN e que as mulheres vêm sendo mais impactadas pelo processo do que os homens, em razão destes últimos, provavelmente, ainda se manterem envolvidos, em algum nível, com atividades agrícolas. Os programas governamentais de transferência de renda (bolsa-família) podem ser relevantes na definição das similaridades nos padrões de consumo alimentar encontrados.