Não é mais um bebê? Impasses na clínica psicanalítica com crianças pequenas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lavrador, Marina Belém
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-03032022-102329/
Resumo: No presente trabalho, partimos de questionamentos suscitados por alguns atendimentos psicanalíticos de crianças que no início do tratamento tinham cerca de 2 anos, realizados pela pesquisadora. A partir destes casos, investigamos e sustentamos a hipótese de que alguns casos de crianças pequenas apresentam particularidades clínicas a se considerar, articuladas com gramáticas de sofrimento psíquico específicas que apontam para impasses na efetivação e elaboração de uma primeira separação entre criança e cuidador primordial. Como pensar essa separação no referencial da psicanálise lacaniana? A partir de um estudo teórico na produção de Freud e Lacan, bem como em trabalhos de psicanalistas pesquisadores de referência na área da psicanálise na primeira infância, formulamos que tais modalidades de sofrimento dizem respeito a impasses na transmissão da falta e da função paterna, em um tempo da constituição do sujeito anterior ao complexo de castração e à inscrição psíquica da operação de castração simbólica pela criança. Propusemos nomear esse tempo subjetivo de tempo da criança pequena, que marcaria uma passagem entre o descrito na literatura como tempo do bebê e o tempo da criança, de modo que tal primeira separação apontaria na realidade para algumas operações psíquicas e escansões temporais próprias desse momento, no qual a frustração imaginária e a dialética da frustração estariam no centro, para a criança. Propusemos três escansões temporais da frustração, discutindo como há mais de um impasse possível na travessia desse tempo psíquico. Para ler cada um deles, é importante considerar tanto a resposta do sujeito, quanto a posição dos agentes da função materna nesses casos, que encarnam o Outro para a criança. Destacamos, ainda, o Fort-Da como jogo fundamental nesse tempo da constituição, e importante operador a ser considerado na direção do tratamento nesses casos. Por fim, ressaltamos que só é possível considerar a frustração em articulação com a privação e a castração. Ainda que o registro imaginário esteja em evidência no tempo da criança pequena, e isso compareça na clínica, ele só pode ser lido e considerado uma vez que há inscrição da falta em sua dimensão real, e a dimensão simbólica da linguagem já está em jogo. O sujeito nesse tempo da constituição já está totalmente engajado na linguagem e no simbólico, e esse deve ser o norte do analista ao intervir nesses atendimentos. Discutiremos esses aspectos também a partir de três casos clínicos