Impacto dos meios de vida e vulnerabilidade de agricultores familiares do semiárido

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Kauling, Samantha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-04012018-150743/
Resumo: As famílias rurais do semiárido vivem sob constante vulnerabilidade climática, cujas atividades agropecuárias são comprometidas pela instabilidade hídrica, pela produção em solos empobrecidos e também pela demanda de altos investimentos na modernização dos seus sistemas produtivos. A consequência é um povo marginalizado, pobre, sem acesso a alimentação em quantidade e qualidade suficientes, desencadeando na migração para grandes centros ou ainda, a exploração e degradação dos recursos da Caatinga na tentativa de desenvolver suas atividades e assim permanecer no campo. Diante a problemática da seca, muitas estratégias de convivência com o semiárido são promovidas, as quais favorecem o acesso à água e a inclusão social. No entanto, o cenário atual enfatiza a necessidade de medidas mais eficientes para o fortalecimento da agricultura familiar, que devem ser condizentes à realidade do agricultor e harmoniosas com o meio ambiente. Portanto, para elucidar questões sobre a realidade de agricultores familiares do semiárido e gerar informações como subsídio a atuação de agentes externos, o presente trabalho compreendeu as vulnerabilidades dos meios de vida de agricultores familiares. Bem como, a importância e o impacto dos recursos (água, produção e área consolidada) dos meios de vida de agricultores familiares. Foram realizadas entrevistas com 23 famílias distribuídas em municípios da Bacia do Jacuípe e aplicados quatros métodos multivariados, por meio da (i) análise de agrupamentos, (ii) análise de componentes principais, (iii) análise de fatores e (iv) análise de seleção das variáveis. Os resultados apontaram para a produção que aqueles com maior número de matrizes (vacas em lactação ou caprinos para carne) diversificam suas rendas com a venda de galinhas e ovos e possuem RL com entrada de animais. Enquanto aquelas com propriedades entre 0-20 ha trabalham, somente, com a produção de hortaliças, cuja fonte de renda é o próprio negócio. Famílias com propriedades entre 20-66 ha criam caprinos, não possuem APP e não utilizam equipamentos via associações ou empréstimos. Quanto as famílias com propriedades entre 66-80 ha, embora criem caprinos, sua comercialização não é a principal fonte de renda. Assim, concluiu-se que os meios de vida das famílias rurais do semiárido apresentam maior vulnerabilidade nos seguintes recursos: financeiro (devido ao baixo retorno econômico de suas atividades e à comercialização de seus produtos, bem como às dificuldades de acesso ao crédito) e social (falta de conhecimentos técnicos resultando em práticas agropecuárias defasadas e insustentáveis, desencadeando uma má utilização dos recursos locais). O acesso aos programas sociais disponíveis e a participação em associações ou cooperativas são fundamentais para viabilizar as estratégias de convivência com o semiárido. A gestão da água (acesso e bom uso do recurso) e a aplicação dos conhecimentos tradicionais favorecem a segurança alimentar das famílias rurais. As principais estratégias de convivência com o semiárido focam no acesso a água e em alternativas para suprir a falta de alimento para o animal. O tamanho da propriedade e de produção impactam a conservação da caatinga, assim como, o tamanho da propriedade influencia no foco de produção agropecuário. Por fim, o uso eficiente da água depende de tecnologias e boas práticas que permitam o seu melhor aproveitamento.