Agroecologia e convivência com o semiárido: elementos para a resiliência às mudanças climáticas no sertão da Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Guyot, Marina Souza Dias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-30112018-145035/
Resumo: No contexto do semiárido brasileiro, a análise das estratégias de convivência com o clima da região é um caminho fecundo para discutir o potencial de resiliência às mudanças climáticas. Há evidências de que a participação em organizações sociais e o uso de práticas agroecológicas de produção tornam os sistemas produtivos mais resilientes a adversidades climáticas. A pesquisa analisou estratégias de convivência com o semiárido de 48 famílias de agricultoras e agricultores, divididas em 2 grupos com diferentes níveis de participação social e uso de práticas agroecológicas. A análise foi realizada com base em 48 indicadores elaborados participativamente. Um dos resultados da pesquisa foi o desenvolvimento de um método de elaboração participativa de indicadores, que possibilitou alcançar resultados que dialogam com o conhecimento que os próprios agricultores e agricultoras desenvolveram ao longo de gerações sobre seus modos de vida e sistema de produção. A quantidade e detalhamento dos indicadores elaborados sobre os temas: água, produção animal e participação social destacam a importância dos temas no contexto analisado. Os resultados ainda evidenciam que os indicadores nos quais há alta performance em mais de 80% das famílias avaliadas estão vinculados a políticas públicas relativas ao acesso à água (proximidade de fontes de água, existência de fontes de água perenes e de cisternas de consumo), assistência técnica e produção de caprinos, destacando a relevância do papel do estado na promoção da convivência e da resiliência. Por outro lado, os indicadores nos quais mais de 80% das famílias avaliadas obtiveram baixa performance apontam temas que ainda precisam do apoio de políticas públicas e de organizações sociais para serem desenvolvidos, sendo eles: área de Caatinga por cabeça animal, existência de banco de sementes comunitário, nível de dependência dos canais de comercialização, existência de reuso de águas cinzas e registro de informações. Já a análise da diferença entre os grupos e correlação com demais indicadores, torna evidente que a participação social em grupos voltados à regularização fundiária e a manifestações culturais relacionadas à temática agrícola ou ambiental tem peso relevante na evolução dos sistemas produtivos, incluindo uso de práticas agroecológicas. Também se identificou que a maior capacidade de armazenamento de água para consumo humano correlaciona-se a melhores performances em práticas de conservação da Caatinga, que é a base do sistema de produção animal na região. Do mesmo modo, a maior diversidade de produção animal diminue a probabilidade de criação de animais não adaptados ao contexto climático da região. Assim, verifica-se que a ampliação das capacidades de convivência com o semiárido e de resiliência às mudanças no clima passa pela promoção de políticas públicas voltadas ao contexto da agricultura familiar na região, com destaque ao tema água e produção animal, e pode ser especialmente potencializada por estratégias de ampliação e fortalecimento da participação social.