Variabilidade genética da tolerância salina em populações de Stylosanthes humilis H.B.K. de diferentes regiões ecogeográficas do Estado de Pernambuco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1991
Autor(a) principal: Lovato, Maria Bernadete
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11137/tde-20210104-184324/
Resumo: Com o objetivo de estudar o comportamento de populações de Stylosanthes humilis em relação à salinidade e a variabilidade genética deste caráter nos estádios da germinação e do crescimento inicial foram analisadas seis populações provenientes de três regiões ecogeográficas do Estado de Pernambuco. Foram também realizadas eletroforeses de peroxidase, esteraae e malato desidrogenase para investigar a possível associação da tolerância salina com os padrões eletroforéticos. A tolerância salina das populações na germinação de sementes escarificadas foi avaliada em um gradiente de NaCl de 0 a 268 mM, através da porcentagem e da velocidade de germinação, e no crescimento inicial em solução nutritiva em quatro concentrações de NaCl, 0, 40, 80 e 120 mM, utilizando 11 caracteres. Para a estimativa de parâmetros genéticos foram realizados ensaios a nível de famílias na germinação com sementes escarificadas e não escarificadas e no estádio de crescimento inicial. Na germinação a tolerância salina é relativamente elevada, sendo que a porcentagem de germinação na maioria das populações só foi afetada por concentrações de NaCl acima de 134 mM e somente reduzida a 50% (G50) na média das populações na concentração de 268 mM, equivalendo ao potencial osmótico de -1,2 MPa. As populações nessa fase apresentaram-se muito diferentes quanto à tolerância salina, sendo também observada ampla variabilidade genética entre famílias nas populações do Sertão e em especial nas do Agreste, com coeficientes de variação genética de 21,3 a 52,3% e de determinação genotípica de 0,90 a 0,98, para sementes escarificadas. A tolerância salina das populações no estádio de crescimento inicial foi menor do que na germinação e não houve relação de tolerância das populações nas duas fases. A posição relativa de cada população quanto ao grau de tolerância variou de acordo com o caráter considerado, mas foi obtida boa separação das populações considerando o conjunto de caracteres. Para uma correta avaliação quanto à tolerância salina em genótipos dessa espécie é necessário considerar uma combinação de caracteres. Em comparação com outras espécies relatadas na literatura, algumas populações de S. humilis podem ser consideradas moderadamente tolerantes ao sal durante o crescimento inicial. A população Flores, a mais tolerante, apresentou para o caráter peso seco da parte aérea, em relação ao controle, o valor de 74% em 80 mM de NaCl e 37% em 120 mM e a população Janga, uma das mais sensíveis 52% em 80 mM e 25% em 120 mM, sendo o valor do ponto de inflexão (nível máximo em que não há alteração no crescimento), ao redor de 40 mM na média das populações. A magnitude dos coeficientes de variação genética e de herdabilidade no crescimento inicial dependeram do caráter e da população considerados, variando respectivamente de 0 a 56,5% e de 0 a 0,673. Houve relação entre o grau de variabilidade nas duas fases do ciclo de vida para todas as populações, com exceção de Caruaru, do Agreste. Houve também considerável variação dentro de famílias. As duas populações da Mata, em especial a Tamandaré, apresentaram pequena variabilidade genética nos dois estádios do ciclo de vida, o que está de acordo com a baixa variabilidade isoenzimática encontrada por MARCON (1988) nessas populações, sendo mais uma evidência de que ela deve ser causada pelo efeito do fundador, levando á deriva genética. Os níveis de variabilidade na tolerância salina entre e dentro da maioria das populações nas duas fases do ciclo de vida oferecem condições para a seleção e o melhoramento dessa espécie quanto a esse caráter. Essa variabilidade é também importante para a adaptação da espécie à níveis variáveis de salinidade. A eletroforese de isoenzimas revelou a associação de um alelo da peroxidase com a tolerância salina na germinação da população Caruaru. Entre as várias hipóteses para explicar essa associação, foram consideradas como mais plausíveis, o efeito do fundador, a redução no tamanho populacional e a possibilidade desse alelo ter uma origem recente.