Direções do olhar: um estudo sobre as poéticas e técnicas de diretoras negras do cinema brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Costa, Lygia Pereira dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27161/tde-23082021-225137/
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo analisar de que forma os olhares cinematográficos de Viviane Ferreira, Everlane Moraes, Glenda Nicácio e Renata Martins, diretoras negras do cinema brasileiro, inscrevem-se no jogo da política que nos organiza enquanto corpo social. A partir de entrevistas semiestruturadas e da análise (numa perspectiva estética, formal e histórica) de nove filmes dirigidos por elas, observamos que, para pensar o audiovisual proposto por essas criadoras é necessária a construção de uma gramática visual, onde caibam as afrofabulações, presenças, perspectivas éticas e outros elementos poéticos e técnicos, ancorados no paradigma epistemológico afro-brasileiro, e que muitas vezes vão além do que o olho - humano ou maquínico - consegue ver. Como resultado surgem narrativas que expandem as noções de realidade, de liberdade e de possibilidades de existência. No mundo ocidental, a visão foi consagrada como sentido privilegiado e as imagens técnicas (criadas pela fotografia, cinema, televisão, entre outros) alteraram significativamente as relações interpessoais, assim como a forma como vemos e somos vistos. As imagens passaram a ter uma dimensão política e a inscreverem imaginários, valores, signos e comportamentos. Ao longo da história do audiovisual, em países da diáspora africana, observa-se um fator em comum: a ausência de experiências de mulheres negras e/ou o uso recorrente de estereótipos em torno delas. No Brasil, tanto nas produções audiovisuais, quanto nas reflexões teóricas, há um processo de desumanização dos sujeitos negros e de apagamento das nossas múltiplas formas de viver. Entretanto, frente a estrutura social racista, surgem diretoras, roteiristas, e outras profissionais negras no audiovisual que desafiam essas imagens, e que têm buscado construir uma nova cinematografia, onde a multiplicidade e complexidade da experiência negra toma as telas.