Caminhos teóricos para a leitura literária de práticas de resistência subalterna.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Ribeiro, Giselle Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-27092010-162632/
Resumo: A elaboração deste trabalho foi motivada pela percepção de que as vozes de indivíduos subalternizados, embora muitas vezes explicitadas no texto literário, passam freqüentemente despercebidas no processo analítico desses textos. A crença de que isto se deve não a uma negligência preconcebida, mas antes a uma colonização das [nossas] perspectivas cognitivas (QUIJANO, 2005, p.237), motivou-nos, conseqüentemente, a realizar um trabalho de natureza propositiva. Um trabalho, cabe dizer, que torne legível, para o estudioso de literatura, um arcabouço teórico capaz de auxiliá-lo na estruturação de análises literárias que abracem uma perspectiva descolonizada. E que assim sendo, auxilie o leitor e/ou crítico literário a transcender o enfoque dado à caracterização da opressão que demarca a existência subalternizada, ao potencializar a atenção para com as estratégias de resistência postas em movimento, pelo indivíduo marginalizado, para garantir as condições necessárias à sua sobrevivência. Desse modo, e entendendo a desconstrução das subalternidades como opção ético-políticoepistemológica, tratamos de recuperar a perspectiva bakhtiniana do outro; os conceitos de Relação e de Crioulização, propostos por Édouard Glissant; as reflexões sobre o homo situs e os sítios simbólicos de pertencimento, elaboradas por Hassan Zaoual; e a razão cosmopolita proposta por Boaventura de Sousa Santos. Isto se deu, porque o consenso intelectual percebido nos textos teóricos considerados quanto à existência, à capacidade e ao valor do papel de pessoas historicamente outremizadas mostrou-se adequado ao modelo teórico que desejávamos propor. Mas também porque nossa intenção era a de somar em conjunto os esforços das diferentes disciplinas acadêmicas, para interpretar e documentar diferenças e construir pontos de vista plurais (DIAS, 1998, p.128). Cumpre, ainda, dizer que o desenvolvimento desta dissertação se apoiou no intuito de contribuir para com a difusão da noção de existência subalterna, memoravelmente trabalhada por Spivak nos anos 1980, e recentemente transcendida por pesquisadores latino-americanos, quando se atêm ao exame da colonialidade do poder e de uma geopolítica do conhecimento, e por intelectuais portugueses ao considerarem os estudos e movimentos desenvolvidos a partir do Sul Global.