Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Romero, Helena Castello |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-21062017-131647/
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Resumo: |
Não há garantias para o sujeito que ama; o relacionamento com o outro é uma tentativa de busca da felicidade, mas também é ao amar que o sujeito se torna mais suscetível ao sofrimento. A psicanálise aponta para esse paradoxo desde Freud e Lacan lança mão do paradoxo como figura de linguagem possível para falar de amor. O principal aforisma lacaniano sobre o tema é amar é dar o que não se tem, mas, para chegar até esse ponto de seu ensino, Lacan se debruçou sobre inúmeras questões ao longo de seus seminários. Desse modo, o objetivo deste trabalho foi investigar o uso que Jacques Lacan fez do paradoxo para falar sobre o amor. A Análise do Discurso Pêcheutiana (AD) contribuiu para elucidar a interpelação do indivíduo em sujeito e a identificação com formações discursivas dominantes sobre o amor, sendo essa identificação fundadora de uma unidade imaginária. Visto que algumas obras de arte foram utilizadas para ilustrar a relação entre amor e paradoxo, foi a partir da AD que tais obras foram analisadas e incorporadas aos resultados. Além disso, essa metodologia indiciária auxiliou na interpretação do percurso empreendido por Lacan, principalmente no seminário VIII no qual ele se utiliza do texto O Banquete, de Platão, para relacionar, por exemplo, o conceito de falta com o tema do amor, análise esta cuja compreensão foi fundamental para o cumprimento do objetivo proposto neste trabalho. Foi possível então apontar, como um dos principais resultados dessa análise, que o objeto que o sujeito busca no desejo, em suas mais variadas formas, nunca é aquilo que ele encontra. Essa falta é central na relação de objeto, do ponto de vista psicanalítico, uma vez que a frustração inerente a essa busca faz do dom algo mais importante do que a presença ou ausência do objeto em si, pois o que está realmente em questão é o amor daquele que pode fazer do objeto um dom. Dessa forma, existe algo para além da relação amorosa, que falta a ela e só pode ser oferecido enquanto falta. É só quando algo falta ao amor, tornando-o imperfeito e diferente de uma fusão, que ele pode acontecer entre dois sujeitos que nunca, já que são sujeitos, poderiam passar a ser um só ou a desejarem a mesma coisa. Conclui-se, portanto, que em uma sociedade capitalista que valoriza investimentos lucrativos e seguros, amar significa mergulhar em vulnerabilidade e encarar a falta constitutiva que esburaca qualquer tentativa de controle e escancara impossibilidades. Iluminar o caráter paradoxal do amor é uma alternativa para defendê-lo dos discursos securitários que acabam matando as chances que a experiência amorosa tem de trazer algum sentido à vida |