Os discursos na construção do caso clínico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Zanetti, Clovis Eduardo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-31012020-163818/
Resumo: O objetivo desse estudo foi investigar a hipótese de que a teoria dos quatro discursos de Jacques Lacan possa servir de estrutura por meio da qual entendemos ser possível ordenar, dar inteligibilidade lógica e uma orientação ética à construção e à formalização do caso clínico enquanto método de pesquisa em psicanálise. A investigação dos discursos desde o ponto de vista da direção da cura nos conduziu a constatação de um obstáculo semântico à utilização de sua estrutura desde a perspectiva de um conjunto de quatro discursos. A habilitação dessa estrutura para um funcionamento de conjunto, nos levou a consideração de um giro discursivo que implica na passagem do trabalho da análise pela estrutura do discurso do saber, mais conhecida por uma de suas variantes semânticas, o discurso universitário. Um discurso que até então se encontrava excluído do campo da cura devido a um apego excessivo a sua semântica em detrimento da investigação de sua sintaxe. A descoberta do problema gerado por esta exclusão nos permitiu constatar que, quando se trata de ler, construir e escrever a clínica, a passagem da escrita pelo discurso do saber lança outra luz sobre a questão da transferência. A posta em ato da realidade do inconsciente na relação com o analista é concebida na passagem entre discursos como a via pela qual a neurose de origem é substituída por uma neurose de transferência. Segundo nossas fórmulas discursivas, uma neurose modelo, que ao repetir a neurose de origem na relação com o analista põe a enfermidade no raio de alcance do tratamento. O estudo da formalização dos discursos tal qual é proposto por Lacan, trouxe-nos também uma nova perspectiva para o desenvolvimento da pesquisa em psicanálise, agora do ponto de vista epistêmico e metodológico. Quando acompanhamos o passo a passo da elaboração lacaniana, fica evidente que, além de uma via de transmissão da psicanálise, a formalização é também para ele um método de pesquisa. Contudo, o que ainda não foi suficientemente destacado, muito menos desenvolvido, é que esse método é para Lacan um método heurístico. Com essa orientação metodológica é que avançamos através de uma retomada do significante lacaniano desde sua função algorítmica. Propomos uma releitura da construção dos discursos como um aparelho algébrico e topológico que permite situar o percurso do sujeito na transferência a partir de uma sequência de transformações. Para isso, recorremos ao exame das alterações sugeridas por Lacan ao tetraedro dos discursos e as aplicamos ao modelo matemático oferecido pelo Grupo de Klein. O que nos permitiu dar continuidade ao projeto de formalização de uma modalidade de estrutura cujo produto de suas operações resulte numa transformação criativa. Com objetivo de avaliar a funcionalidade clínica desse modelo na vertente da escrita, propusemos testá-lo a partir dos princípios da direção da cura por meio da construção e da formalização do caso clínico freudiano o Homem dos ratos