Estudo comparativo das alterações das glândulas salivares menores em doentes com queixa de xerostomia na síndrome de Sjögren e no lúpus eritematoso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Fernandes, Juliana Dumêt
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5133/tde-08032010-111900/
Resumo: INTRODUÇÃO: Xerostomia é um sintoma comum relacionado a diversas doenças e faz parte da complexa exocrinopatia que afeta glândulas salivares na síndrome de Sjögren (SS). Sintomas similares são encontrados em outras doenças crônicas auto-imunes, incluindo o lúpus eritematoso (LE). O principal achado histopatológico na SS é a infiltração linfocitária que destrói o epitélio ductal levando à atrofia glandular. No LE, alterações das glândulas salivares são raramente relatadas, e tem sido comumente associadas com a SS pela maioria dos autores. OBJETIVOS: Analisar e comparar as alterações histopatológicas e de imunofluorescência direta (IFD) das glândulas salivares menores de doentes com xerostomia e diagnóstico de LE ou SS. MÉTODO: No período de março de 2007 a março de 2009, 56 doentes (29 com diagnóstico de LE e 27 com SS) acompanhados na Divisão de Dermatologia e/ou de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), foram avaliados. Todos os doentes apresentavam em comum a queixa de xerostomia e foram submetidos a biopsia das glândulas salivares labiais. Os espécimes foram submetidos a estudo histopatológico e de IFD. Todos os doentes foram também avaliados quanto ao uso de medicações, dados clínico-demográficos, comorbidades e duração dos sintomas. RESULTADOS: Dos 56 doentes examinados, 54 eram mulheres e apresentavam idades de 16 a 77 anos. Nas glândulas salivares de doentes com SS, observou-se, principalmente, sialadenite linfocítica moderada a intensa, com expressiva agressão ductal, fibrose e atrofia glandular. A intensidade da agressão tecidual correlacionou-se com a duração da SS. Nos doentes com LE, evidenciou-se sialadenite crônica leve na maioria dos casos acompanhada de espessamento e hialinização da membrana basal ductal e infiltrado linfocitário perivascular. A presença deste infiltrado correlacionou-se com a duração do LE. O exame de IFD revelou que 11 (41%) dos 27 doentes com SS apresentaram depósitos de IgA intercelulares no epitélio ductal. Os doentes com SS que demonstraram destruição glandular maciça (52%,n=14), apresentaram IFD negativa. Dezoito (62%) dos 29 doentes com LE apresentaram depósitos homogêneos de IgG na membrana basal dos ductos glandulares. CONCLUSÃO: As alterações histopatológicas e de IFD nas glândulas salivares de doentes com SS e LE são distintas. Na SS observa-se fundamentalmente infiltração linfocitária com agressão ductal e deposição de IgA, enquanto que no LE, a alteração principal é a hialinização da membrana basal ductal e deposição de IgG. Esses dados indicam que o envolvimento das glândulas salivares no LE é uma alteração específica da doença sialadenite lúpica, refletindo uma apresentação multissistêmica da mesma, sendo, portanto, inadequada a classificação dessas alterações como SS associada ao LE.