Auto do Frade: a dialética das vozes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Polidoro, Francine Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-26032018-153944/
Resumo: Este trabalho propõe uma leitura da obra Auto do Frade (1984), de João Cabral de Melo Neto, considerando a vertente teatral do poeta, iniciada pela tradução de duas peças espanholas, A Sapateira Prodigiosa (1951), de Federico García Lorca, e Os Mistérios da Missa (1963), de Pedro Calderón de la Barca. Parte-se do princípio de que esses dois trabalhos, nos quais estão presentes formas tradicionais ibéricas como o romance e o auto, serviram de estopim para que João Cabral construísse a sua própria obra dramatúrgica. O poema narrativo O Rio (1953) seria uma mediação entre a sua experiência enquanto tradutor e a elaboração de seus dois autos, Morte e Vida Severina (1955) e Auto do Frade, na medida em que configura um monólogo dramático pelo qual o poeta, propositalmente, vale-se de uma linguagem prosaica, como tentativa de estabelecer a comunicação com o público. Morte e Vida Severina, por sua vez, representaria a evolução dessa experiência formal, pelo caráter dialógico, adquirido em uma dicção que seria marcadamente cabralina: o auto estruturado pelo romance. Finalmente, Auto do Frade sintetizaria esse trajeto, sendo o seu ponto máximo. Defendese a hipótese de que, nessa obra, aquelas duas formas tradicionais ibéricas são usadas para a criação de sentidos vinculados a seu próprio conteúdo: tudo o que circunda os momentos finais da vida de Frei Caneca. Isso sem que se perca a inclinação de João Cabral ao moderno, comprovada pela epígrafe da escritora norte-americana Gertrude Stein, com o que ela pode significar em relação a essa obra. Arrematando toda essa abordagem, buscou-se analisar as anotações que João Cabral realizou para a composição do que seria o seu terceiro auto, A Casa de Farinha, com o intuito de compreender o processo criativo do poeta, um recurso a mais para a interpretação de Auto do Frade.