Inglês escola (a)fora: representações de professor, aluno e língua estrangeira em uma ONG para o ensino de língua inglesa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Corrêa, Juliana de Melo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-21092011-142340/
Resumo: Este trabalho tem como principal objetivo analisar representações de aluno, professor e de língua inglesa presentes nos dizeres de voluntários de uma ONG que promove o ensino de inglês. A leitura de trabalhos sobre o terceiro setor nos mostra que as ONGs surgem para propor soluções a problemas detectados na sociedade. Desse modo, podemos inferir que o discurso sobre o insucesso do ensino de inglês nas escolas regulares está entre os elementos que possibilitaram o surgimento da ONG analisada. O corpus do estudo foi formado pela transcrição da gravação em áudio de entrevistas com oito professores voluntários. Para a análise da materialidade linguística, utilizamos conceitos do quadro teórico da Análise de Discurso, assim como o conceito de identidade discutido na visão dos Estudos Culturais e na perspectiva psicanalítica. A análise da materialidade linguística dos dizeres revelou que houve uma mudança no discurso a respeito do voluntariado em nosso país. Nos anos 70 e 80, essa atividade era pautada principalmente por motivações políticas ou religiosas, focando os assistidos e suas necessidades. Atualmente, os dizeres revelam que o voluntariado é perpassado pela discursividade de Mercado, e que o eu voluntário é o centro das decisões. A análise também nos permitiu observar o uso de metáforas espaciais na representação de aluno como aquele que, devido as suas carências, vive uma realidade diferente da do voluntário. Para encorajar o aluno a quebrar as barreiras que limitam seu espaço, os voluntários reforçam dizeres que defendem a possibilidade de sucesso a qualquer pessoa, dependendo de seus esforços. Ao mesmo tempo em que essa atitude pode valorizar a auto-estima dos jovens, ela pode reforçar o conceito de que, caso fracassem na realização de seus objetivos, serão os únicos responsáveis. Em algumas formulações, percebemos que o inglês ensinado pela ONG será oferecido aos alunos como outros itens o são por casas assistenciais. Ou seja, assim como cestas-básicas são oferecidas a famílias que precisam de um mínimo de alimento, a organização oferecerá aos alunos o que acredita ser o mínimo de inglês necessário para que possam sobreviver em um mundo globalizado. Dessa forma, a escola regular e seu professor são representados, pelo não-dito, como aqueles que não fornecem ao menos esse inglês elementar disponibilizado pela organização. Apesar de ser representado como pouco, o inglês ensinado pelos voluntários é caracterizado como suficiente para os jovens atendidos. Não há, nos dizeres analisados, a expectativa de que esses jovens possam, caso desejem, prosseguir seus estudos após o Ensino Médio e ingressar em uma universidade de qualidade. O inglês é representado como o instrumento essencial para que os alunos possam, ao deixar a escola, ingressar no mercado de trabalho, ainda que em posições consideradas menores. A ONG e a escola regular são, portanto, representadas como espaços no quais a língua inglesa não pode ser aprendida de forma bem sucedida. Essas representações reforçam, desse modo, o lugar já estabelecido dos institutos de idiomas como o único capaz de habilitar um estudante a aprender uma língua estrangeira em seu nível comunicativo.