Prevalência, continuidade e fatores de risco dos transtornos psiquiátricos na adolescência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Maison, Carolina La
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-23082019-094342/
Resumo: Os transtornos psiquiátricos frequentemente têm início na infância e adolescência, podendo persistir até a idade adulta. O objetivo da pesquisa foi estudar a prevalência, os fatores de risco e a continuidade dos transtornos psiquiátricos no início da adolescência (11 anos) na Coorte de Nascimentos de 2004 do Município de Pelotas-RS. Métodos. Estudo 1: O presente estudo teve como objetivos avaliar a prevalência de transtornos psiquiátricos no início da adolescência, examinar a distribuição dos transtornos psiquiátricos conforme características maternas e infantis e avaliar a ocorrência de comorbidades psiquiátricas. Todos os adolescentes de 11 anos, que participaram da Coorte de Nascimentos de 2004 de Pelotas-RS, foram convidados a participar deste estudo. O instrumento utilizado para avaliar a presença de transtornos psiquiátricos foi o Development and Well-Being Assessment (DAWBA). Foram avaliados 3.562 indivíduos e a prevalência de transtornos psiquiátricos de acordo com os critérios do DSM-5 foi de 13,2% (IC95% 12,1-14,4); 15,6% entre os meninos e 10,7% entre as meninas. Os distúrbios mais comuns foram transtornos de ansiedade (4,3%), transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (4,0%) e transtorno de conduta/oposição (2,8%). Baixa escolaridade materna, tabagismo durante a gestação, presença de sintomas de humor durante a gestação ou sintomas depressivos crônicos e graves maternos nos primeiros anos de vida do adolescente, sexo masculino, Apgar < 7 no nascimento e parto prematuro foram associados a uma maior chance de distúrbio psiquiátrico aos 11 anos. Comorbidades psiquiátricas foram observadas em 107 indivíduos (22,7%), dos quais, 73, 24 e 10 tinham dois, três e quatro diagnósticos psiquiátricos, respectivamente. Nossos resultados ressaltam a importância dos transtornos psiquiátricos como condição prevalente no início da adolescência, o que repercute diretamente no planejamento de políticas públicas e serviços específicos de atenção à saúde mental nessa faixa etária. Estudo 2: Os objetivos deste estudo foram investigar a incidência de transtornos psiquiátricos entre as idades de seis e 11 anos e avaliar a continuidade homotípica e heterotípica desses transtornos, entre os membros da Coorte de Nascimentos de 2004 de Pelotas-RS. Todos os nascidos vivos na cidade de Pelotas no ano de 2004 foram localizados e 4.231 recém-nascidos foram incluídos no estudo (recusas < 1%), sendo acompanhados em diferentes idades ao longo do tempo. Aplicou-se o Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ) em 3.585 indivíduos com seis anos e em 3.563 indivíduos com 11 anos. Os resultados do SDQ para as quatro subescalas (sintomas emocionais, problemas de conduta, hiperatividade/falta de atenção e problemas de relacionamento com os pares) foram categorizados como normais ou anormais (indivíduos nas categorias limítrofe e anormal) conforme manual do instrumento. Para examinar as associações entre transtornos mentais ao longo do tempo, os transtornos aos seis anos foram inseridos na regressão logística como variáveis independentes e aqueles aos 11 anos foram inseridos como variáveis dependentes. Entre os seis e 11 anos, houve um aumento de 50% na prevalência de sintomas emocionais e um aumento de 45% dos transtornos de hiperatividade/falta de atenção. Entre as crianças que tinham \"qualquer dificuldade no SDQ\" aos seis anos, esse status persistiu em 81% dos indivíduos aos 11 anos. Durante a transição da infância para o início da adolescência, houve continuidade homotípica para sintomas emocionais, problemas de conduta, hiperatividade/falta de atenção e problemas de relacionamento com pares. Nossos resultados indicam que os transtornos mentais nessa faixa etária são moderadamente estáveis, com taxas de transtornos e padrões de continuidade semelhantes aos observados em outros estudos