Jazidas de esmeralda de Capoeirana e Belmont - MG: geologia, petrogênese e metalogênese

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1998
Autor(a) principal: Machado, Geysa Angelis Abreu
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44135/tde-12112015-110642/
Resumo: Foram estudadas a evolução precambriana da região e as mineralizações de esmeraldas de Capoeirana e Belmont e de águas marinhas pegmatíticas. Essa região do NE do Quadrilátero Ferrífero situa-se na borda SE do Cráton do São Frnacisco (MG), na zona de transição para o Cinturão Móvel Atlântico. Sua evolução compreende estágios arqueanos, representados por terrenos TTG e granito-greenstone belt, e retrabalhamentos tectono-metamórficos proterozóicos dos ciclos Minas/Espinhaço e Brasiliano. As mineralizações berilíferas devem-se a processos arqueanos e proterozóicos. Gnaisses, migmatitos e metagranitóides TTG são as rochas arqueanas mais antigas. Ocorrem como restos nos Metagranitóides Borrachudos (GB) e Metagranitóides Foliados com Fuorita (MGF) e ainda como gnaisses miloníticos em contato com as seqüências metavulcano-sedimentares arqueanas (SVS). São polimetamórficos e sofreram enriquecimentos de álcalis (K, Rb) e outros elementos incompatíveis nos retrabalhamentos proterozóicos. A SVS de Capoeirana e Belmont é uma continuação do greenstone belt Rio das Velhas. Ocorre em zonas de cavalgamentos antitéticos num sistema regional de embricamento frontal; sofreu inversão, dobramentos superimpostos e repetições tectônicas pela principal orogênese proterozóica. A sucessão litoestratigráfica típica tem, na base, rochas metaultramáficas de natureza extrusiva. São anfibolitos, talco-anfibólio-clorita xistos (TACX), clorititos (CLT) e crominitos; sendo os TACX e CLT produtos de alterações aloquímicas premetamórficas. Têm características globais komatiíticas com Cr e Zn variáveis em função dos teores e tipos de cromita e gradam para equivalentes flogotipizados/mineralizados, enriquecidos em K, Al, Rb, Ba, Y e Be em zonas de cisalhamento crustais profundas regionais (ZC) da orogênese arqueana final do ciclo greenstone belt Rio das Velhas. Fluidos alcalino-potássicos, ricos em F e elementos incompatíveis (Rb, Zr, Nb, Be, ETRL, entre outros) da degranitização/granulitização da crosta inferior, infiltrados nas ZC ativas, transformaram as rochas TTG em GB durante a milonitização, por reações fluidos-rochas hidrotermo-metassomáticas sinmetamórficas e flogopitizaram e mineralizaram as rochas metaultramáficas da SVS. A evolução proterozóica compreendeu na orogênese do Ciclo Minas/Espinhaço o principal evento de metamorfismo regional, progressivo. Este causou, ainda, a transformação dos GB em MGF a partir da fácies anfibolito média. O processo essencialmente mineralológico-textural e isoquímico quanto aos elementos principais, entretanto, acarretou mudanças menores de elementos traço incompatíveis (incluindo ETRL) condizentes com anatexia inicial dos MGF. Cálculos geotermobarométricos para gradientes intermediários em paragêneses de minerais estáveis, como granada-estaurolita (metapelitos) e granada-anfibólio (anfibolitos metabásicos), forneceram temperaturas (T) máximas de \'600-670 GRAUS\'C e \'600-630 GRAUS\'C, respectivamente. Com boa correlação nos valores absolutos e nas indicações do zoneamento, mostram as T mais elevadas do ápice termal do metamorfismo nas bordas tardi-sin a pós-tectônicas. Retrometamorfismo é evidenciado por paragênese de bordas de minerais menos estáveis com biotitas ou ainda pelo geotermômetro dos dois feldspatos (em GB e MGF). Forneceram T muito baixas e bastante variáveis de \'260-430\'GRAUS\'C de reequilibrações variáveis no estágio final do próprio metamorfismo principal e/ou nos processos tectono-termais do Ciclo Brasiliano. A petro-metalogênese do Be foi também policíclica e originou duas gerações principais de mineralizações incluindo subtipos: 1) Nas ZC, os fluidos alcalinos potássicos ricos em elementos incompatíveis, F e Be, ricos ainda em Al pela substituição dos plagioclásios dos TTG (na transformação em GB), reagiram com rochas metaultramáficas da SVS, causando flogopitização e as mineralizações de esmeraldas tipo xisto (EX) e tipo veio de quartzo (EVQ) polideformado, arqueanas. O processo mineralizante é mais bem descrito como metamorfismo hidrotermal-metassomático em zona de cisalhamento ativa sob as condições da fácies xistos verdes média/superior a anfibolito inferior, entretanto, com pressão (P) fluida variável e diferente da P sólida (e da P total), como é típico para sistemas abertos. 2) O principal metamorfismo proterozóico com ápice termal tardi-sin a pós-tectônico e intensidade mais alta na região de Capoeirana, produziu ali, por fusões parciais dos MGF pegmatóides pouco deformados, comumente mineralizados em águas marinhas; pegmatóides intrusivos nas rochas metaultramáficas da SVS são mineralizados em esmeraldas (tipo EVP). Em Capoeirana ocorrem ainda esmeraldas idiomórficas em veios/mobilizados de quartzo (tipo EVQ) pouco deformados. Conjuntamente representam um evento proterozóico de mineralizações berilíferas, decorrentes da anatexia inicial dos MGF. Relações genéticas das mineralizações berilíferas (esmeraldas e águas marinhas) entre si, com os GB e MGF, são indicadas também pela correlação positiva contínua de Y e \'sigma\'ETRP, mostrando que os fluidos foram muito similares nos dois ciclos mineralizantes. Ou seja, que a segunda geração de mineralizações berilíferas originou-se por retrabalhamento e remobilização do reservatório químico-mineralológico fundamental gerado no ciclo anterior sem contribuições externas novas e de outras fontes. As composições isotópicas \'delta\'\'POT. 18\'O e \'delta\'D das esmeraldas são bem definidas na região de superposição dos campos de águas magmáticas e metamórficas. Aliadas aos dados de Y e ETRP, são condizentes com a formação conjunta dos GB e das mineralizações EX e EVQ, polideformados na orogênese arqueana do greenstone belt Rio das Velhas, pela reação dos fluidos crustais profundos, respectivamente, com quantidades grandes de rochas TTG e pequenas rochas metaultramáficas mais impermeáveis. Os valores muito homogêneos de \'delta\'D dos fluidos dos canais estruturais e de \'delta\'\'POT. 18\'O da estrutura cristalina dessas esmeraldas representam os sistemas mais resistentes às alterações polimetamórficas/retrometamórficas, caracterizando os fluidos da primeira fase arqueana de mineralizações. Os valores de \'delta\'\'POT. 18\'O pouco variáveis das gerações posteriores (EVP e EVQ pouco deformados) relacionadas ao metamorfismo proterozóico principal e a anatexia dos MGF, confirmam suas origens por retrabalhamento do sistema geoquímico-isotópico anterior, sem contribuições significativas de fluidos de outras fontes.