Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1995 |
Autor(a) principal: |
Abreu, Gustavo Correa de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44135/tde-17072013-150239/
|
Resumo: |
A mina do Pari localiza-se na borda nordeste do Quadrilátero Ferrífero, no município de Santa Bárbara, distrito de Florália, Estado de Minas Gerais. A mina foi lavrada desde o século passado até 1937, por métodos exclusivamente rudimentares; na recuperação do ouro, entretanto, obtinha-se excelentes resultados. A pesquisa geológica da região da Folha Florália 1:25.000 registra os estudos da equipe do convênio USGS-DNPM de cartografia apenas por fotointerpretação e levantamentos de perfis regionais integrados, na escala 1:150.000 (Dorr, 1969), reconhecendo anfibolitos no morro do Pari. Nos trabalhos mais recentes do orientador e sua equipe, com a participação do autor, detectou-se que a mina do Pari se insere no contexto do Supergrupo Rio das Velhas, representado pela presença dos grupos Quebra Osso e Nova Lima em posição estratigráfica normal, e contínuos, regionalmente, até os locais tipo do Quadrilátero Ferrífero, a W. Nos trabalhos dessa pesquisa, realizados durante a reavaliação da mina do Pari, foi possível estudar perfis contínuos de rochas não-intemperizadas (obtidas em sondagens profundas) e elaborar, para o Grupo Nova Lima, uma subdivisão em quatro unidades litoestratigráficas locais, denominadas informalmente, de A, B, C e D. A unidade A caracteriza-se pela ocorrência de possíveis metagrauvacas; a unidade B, por derrames de rochas basálticas ricas em Fe, metamorfizadas, com raras intercalações de formações ferríferas bandadas (bif\'s) tipo Algoma. A unidade C constitui-se essencialmente de rochas metavulcânicas básicas finas (anfibolitos) e, por fim, a unidade D, que tem ocorrência regionalmente restrita e discontínua por falhamentos de empurrão, por derrames metabásicos de pequenas espessuras intercalados com bif \'s e carbonatos, atestando intensa sedimentação química. O metamorfismo regional principal que afetou a borda SE do Cráton do São Francisco, de idade proterozóica inferior e intensidade crescente para E, foi, na área do morro do Pari, de fácies xisto verde superior (sub-fácies epídoto-anfibolito, na zona da granada) - transicional para anfibolito e, claramente, afetou a mineralização. Com o uso do geotermômetro da arsenopirita foi possível confirmar nos minérios de ouro da mina do Pari a presença de duas gerações do mineral, textural e composicionalmente distintas. A primeira é representada por arsenopiritas com formas xenomórfico-irregulares, muito ricas em inclusões minúsculas de outros sulfetos (calcopirita, pirrotita e esfalerita), ouro e minerais de ganga, indicando temperaturas de reequilíbrio metamórfico de 320 a 445°C. A segunda é produto de metamorfismo da primeira, ocorrendo em cristais idiomórficos, virtualmente isentos de inclusões. Forma ou cristais individuais ou bordas idioblásticas sobre arsenopiritas da primeira geração, muitas vezes preservando-as parcialmente, como núcleos palimpsésticos. As arsenopiritas da segunda geração indicam temperaturas de pico metamórfico bem definidas em torno de 500°C. O ouro ocorre em proporção menor como inclusões diminutas (com granulometria média de 5-10\'mü\') nas arsenopiritas e, eventualmente, em magnetitas (ouro refratário \'< ou =\' 15% do total). O resto é ouro livre grosso (em grãos de décimos de mm), formado por liberação das arsenopiritas da primeira geração e subseqüente crescimento por cristalização acretiva no curso do processo metamórfico principal. Tanto o ouro refratário como o ouro livre têm composições próximas, nas faixas de Au (81-83,5) :Ag (19-16,5) e de Au (83,3-86) :Ag (16,7-14), respectivamente, indicando, mesmo para o ouro refratário do Pari, em comparação ao ouro refratário de São Bento, reequilibrio metamórfico parcial, perda de Ag e enriquecimento de Au na liga natural do metal. A mineralização do morro do Pari é considerada de origem vulcano-exalativa próximal e singenética, por suas características geológicas, petro-metalogenéticas e geoquímicas. Os efeitos de tipo wall-rock alteration são raros e subordinados, de tal forma que nem os processos metamórficos superimpostos, bastante vigorosos do metamorfismo regional principal proterozóico, conseguiram mascarar as características primárias, incluindo heterogeneidades e polaridades geoquímicas específicas nos perfis do minério sulfetado de ouro, das encaixantes e dos anfibolitos associados da seqüência vulcano-sedimentar arqueana. Os processos tectono-metamórficos proterozóicos tiveram principalmente efeitos mineralógico-texturais. Nos minérios, contribuiram para enobrecer suas características de interesse econômico, acarretando aumentos do teor de Au na liga natural do ouro e maior grau de liberação de suas partículas. Causaram ainda as paragêneses metamórficas regionalmente observadas e, nas rochas dos terrenos TTG, sobretudo em zonas de falhas, feldspatização potássica, metassomática. O ambiente geológico-metalogenético da mina do Pari é, no geral, bastante similar àquele das mineralizações e jazidas do tipo Oriental, do Kolar Gold Field, na Índia, que, segundo alguns autores, também apresentam evidências mineralógico-petrográficas e termodinâmicas sugerindo origens primárias vulcano-exalativas. Comparativamente, a mina São Bento, também no Quadrilátero Ferrífero, localizada a menos de 20 km (1inha aérea) a W da mina do Pari, possui grau metamórfico mais baixo (fácies: xistos-verdes média; geotermometria de arsenopiritas: < 300 - 400°C) e as características de sua mineralização diferem bastante, sobretudo quanto à granulometria do Au e ao grau de liberação. Predomina ouro refratário, que perfaz mais de 80% do total, ocorrendo como inclusões em arsenopiritas e piritas. Predomina quantitativamente o ouro incluso nas arsenopiritas que é, texturalmente, perfeitamente comparável àquele da mina do Pari. Químicamente, entretanto, é mais pobre em ouro, apresentando composições de Au (65-70) :Ag (35-30). Essas diferenças são atribuídas à menor intensidade dos processos tectono-metamórficos que aí atuaram, mais específicamente, às temperaturas mais baixas que causaram menor remobilização nas massas sulfetadas portadoras de Au. Podem, entretanto, existir também diferenças geoquímicas primárias entre as ligas naturais do ouro refratário incluso nas arsenopiritas das duas jazidas, visto que as características petro-metalogenéticas gerais do intervalo litoestratigráfico do grupo Nova Lima que inclui a mineralização de São Bento não evidenciam derrames de rochas básicas sinsedimentares no local, indicando mais para um ambiente de mineralização, vulcano-exalativo distal. |