Poéticas de repetição no cinema brasileiro moderno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Wahrhaftig, Alexandre
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27161/tde-19032024-131431/
Resumo: O cinema, enquanto arte que se desdobra no tempo, permite não apenas a progressão das imagens, do início ao fim de um filme, mas o seu retorno, a sua repetição. Não apenas o avanço da narrativa, mas a sua repetição. Não apenas a singularidade dos gestos e discursos captados, mas a sua repetição. Se sempre houve repetições mais ou menos evidentes nos filmes, não foram todos os que insistiram em sublinhá-las, em sublinhar os retornos, as recorrências, as reprises, as circularidades. Ao colocarmos uma lupa sobre a produção cultural do período da ditadura militar no Brasil, sobre o nosso cinema moderno, esse cinema de linguagens e narrativas inquietas, vemos emergir uma variedade de poéticas de repetição. Qual seria o sentido e a força dessas poéticas no trabalho dos mais diversos cineastas, como Walter Hugo Khouri, Luiz Sérgio Person, Glauber Rocha, Júlio Calasso Jr., Rogério Sganzerla, Júlio Bressane, Andrea Tonacci e Eduardo Coutinho? Em comum a muitos filmes, está a presença da repetição não como algo tímido, somente perceptível por uma análise minuciosa, mas sim a repetição escancarada, repetição como uma figura que emerge sobre um fundo. Na primeira parte da tese, a nossa investigação recai sobretudo na construção narrativa, visando entender como a temporalidade de repetições nas narrativas indica uma experiência singular do tempo na vida moderna, no subdesenvolvimento, na história do Brasil. Já na segunda parte, a repetição se dissemina de forma mais livre pelos filmes, na fisicalidade das performances, na materialidade da montagem, no jogo provocativo com o público. São repetições que nos levam a convocar, para melhor compreender sua poética, outras áreas do conhecimento (como a antropologia), outras artes (como a poesia concreta), outros gêneros cinematográficos (como o filme estrutural). Nossa pesquisa, enfim, é uma via de mão dupla. Buscamos tanto explorar a riqueza das poéticas de repetição no cinema através do recorte espacial e temporal dos filmes brasileiros dos anos de chumbo quanto, simultaneamente, aprofundarmo-nos na estética do cinema moderno do período da ditadura, guiados por um mesmo (e diverso) elemento formal: a repetição. Repetição, pois, tanto como objeto de estudo quanto como metodologia de análise.