Diferentes modalidades de trabalho dos usuários de um centro de atenção psicossocial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Alves, Iara Boccato
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-09032022-165634/
Resumo: O trabalho é uma atividade central na vida humana, no entanto, as formas de organizar o trabalho no modo de produção capitalista frequentemente tornam o trabalhador alheio ao processo de produção e ao seu produto, tornando o trabalho alienado e apenas uma forma de prover a sua subsistência. Pessoas com sofrimento psíquico grave foram excluídas do mercado de trabalho ao longo da história, sendo aos poucos reinseridas após a reforma psiquiátrica, o que vem ocorrendo principalmente através de oficinas terapêuticas e cooperativas. O objetivo dessa pesquisa é compreender como o trabalho comparece na vida dos usuários de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Através de uma metodologia qualitativa, foi realizado trabalho de campo a partir da observação participante, conversas informais, entrevistas e acesso a prontuários de 15 usuários de um CAPS na Grande São Paulo. As informações obtidas foram organizadas e analisadas em quatro eixos temáticos: direito à sobrevivência, trabalho e desgaste mental, trabalho invisível das mulheres e trabalho não profissional. O trabalho produtivo mostrou-se essencial para o sustento de todos, sendo substituído, na sua ausência, pelos auxílios governamentais, como o benefício de prestação continuada (BPC), a aposentadoria por invalidez ou o auxílio doença. Também se destacou na pesquisa o trabalho reprodutivo das mulheres, invisibilizado socialmente, em especial pela família. Consideradas incapazes enquanto realizam tratamento, afastadas do trabalho ou com dificuldade de encontrar emprego, realizam um trabalho doméstico que poderia ser remunerado se realizado fora da família. A relação entre adoecimento e trabalho esteve presente para alguns dos participantes, na forma do desgaste mental. Outra forma observada foi o trabalho não mercantil, não profissional, como possibilidade de trabalho não alienado. A elaboração de políticas públicas que viabilizem o sustento dos usuários, especialmente em momentos de incapacidade decorrentes do sofrimento psíquico, além do reconhecimento dos trabalhos doméstico e não profissional parecem importantes para a sua inclusão social