A construção de práticas psicossociais no cotidiano de um Centro de Atenção Psicossocial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Ismael Mendes da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-15062020-162532/
Resumo: O movimento da Reforma Psiquiátrica promoveu mudanças no modo de atenção e gestão nas práticas de saúde. Dessa forma, foi necessário repensar locais e profissionais que pudessem promover práticas e cuidados mais próximos ao novo modo assistencial: o modo psicossocial de atenção. Essa mudança de paradigma ainda vem ocorrendo e trouxe complexidades para a atuação dos profissionais inseridos nos contextos de saúde mental. Este trabalho tem por objetivo geral compreender como se dá, no cotidiano de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), a construção de práticas psicossociais de cuidado aos usuários do serviço. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, que tem como base os pressupostos do movimento construcionista social em ciência. Este trabalho foi realizado em um CAPS III de uma cidade do interior de São Paulo. O processo de produção de dados foi por meio de dois momentos principais: o primeiro consistiu em imersão no campo, momento em que os pesquisadores realizaram observação participante por um período de dois meses com carga-horária de 8 horas semanais para conhecer a organização do serviço, no qual fizeram registros em notas de campo; o segundo consistiu na realização de três grupos focais com os profissionais do CAPS III, guiados por um roteiro semiestruturado. Estes grupos foram gravados e transcritos na íntegra. A análise das informações foi realizada por procedimentos qualitativos de análise temática, de forma a dar visibilidade para os principais sentidos negociados pelos profissionais em seus diálogos nos grupos focais. Resultou de nossa análise a construção de três temas que, em conjunto, permitem compreender desafios e potencialidades envolvidos na construção e desenvolvimento de ações psicossociais: 1) trabalho em equipe e interdisciplinaridade - que apresenta sentidos sobre as relações, organizações, planejamentos e comunicações no cotidiano dos profissionais do CAPS III; 2) atuação profissional - que apresenta fatores que ora possibilitam ora dificultam a atuação do profissional inserido no CAPS III; e 3) ações de cuidado no cotidiano, apresentando sentidos sobre as práticas realizadas no CAPS III. Com base em nossa análise, concluímos que a construção de práticas psicossociais oferecidas para o cuidado à saúde mental dos usuários do serviço tem relação com a forma de atuação profissional. As ações realizadas no cotidiano dependem do quanto cada profissional conhece o papel político-social que o CAPS desempenha, além de como consegue estruturar suas atividades considerando os recursos do território, para além do próprio local de estudo, utilizando sua autonomia e interesse para propor aos usuários práticas em saúde mental compatíveis com o modo de atenção psicossocial. Discutimos, no entanto, que é por meio da coordenação de ações no cotidiano que a construção de práticas psicossociais se faz mais ou menos possível no serviço. As práticas discursivas desenvolvidas pelos profissionais nos grupos focais trazem a marca de diferentes discursos sociais, iluminando como a disputa entre paradigmas ainda se apresenta no cotidiano.