Emissões de dióxido de carbono e metano por ecossistemas aquáticos tropicais: revisão da literatura, aspectos metodológicos e fatores bióticos e abióticos intervenientes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ferreira, Murilo de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18138/tde-05072023-172720/
Resumo: O dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4) são os principais gases responsáveis pelo efeito estufa no planeta. Entender a dinâmica, a magnitude e a ocorrência de processos que envolvem esses gases é fundamental para a compreensão de tal efeito e também do ciclo do carbono. Esses gases podem ser originados nos compartimentos aquático, terrestre ou atmosférico e poucos são os estudos conduzidos em ambientes aquáticos, sobretudo os localizados em menores latitudes. Assim, esse estudo objetivou analisar dados primários e secundários sobre as emissões de CO2 e CH2 por ecossistemas aquáticos tropicais e subtropicais no Brasil. Primeiramente, foi realizada uma revisão bibliográfica (dos últimos 30 anos), em âmbito nacional, das emissões de ambos os gases por ambientes aquáticos localizados em diferentes biomas brasileiros, bem como os métodos de estimativa mais utilizados e as vias de emissão frequentemente analisadas. Posteriormente, especificamente para ambientes lóticos, avaliaram-se os principais fatores bióticos e abióticos que influenciaram as emissões de ambos os gases por rios e riachos caracterizados por diferentes condições ambientais na região de São Carlos (SP). Por meio da análise de componentes principais, foi investigada a influência das variáveis da água e outros fatores sobre ambas as emissões. Além disso, aprimoramentos metodológicos também foram propostos. Tais aprimoramentos consistiram na confecção de uma cúpula suspensa com câmara de autoarmazenamento (CSCA) e também um dispositivo piramidal (DP) capaz de capturar bolhas oriundas do sedimento de ambientes lóticos rasos. A revisão bibliográfica indicou que a maioria dos estudos estão concentrados na Amazônia, sendo a câmara flutuante (CF) o principal método utilizado e a via difusiva a mais frequente analisada nas emissões de CO2 e CH4. Rios receptores de esgoto tratado apresentaram maiores emissões de CO2 e CH4 em relação a riachos preservados. Além disso, os principais fatores associados a essas emissões foram a heterotrofia do metabolismo aquático, possível metanogênese e transferência gasosa na interface ar-água. Por fim, as emissões estimadas pela CF foram superiores às estimadas pela CSCA, devido à escala temporal. A interferência da CSCA na interface ar-água contribuiu para uma possível superestimação de ambas as emissões. O DP mostrou ser um dispositivo eficaz na identificação de emissões pela via ebulitiva. Concluiu-se que as emissões de ambos os gases por ambientes aquáticos brasileiros representam importante contribuição, tanto em escala global quanto regional, para o efeito estufa. Diferentes variáveis da água (profundidade, pH, oxigênio dissolvido entre outras) e fatores bióticos (heterotrofia do metabolismo aquático e a possível metanogênese) e abióticos (velocidade de troca gasosa) estiveram associados às emissões. Além disso, a proposição de aprimoramentos metodológicos ainda é necessária, visto que ainda não há um método validado e unânime para superar as incertezas de estimativa trazidas pelo contato da câmara/cúpula na interface ar-água.