Informatização do registro clínico essencial para a atenção primária à saúde: um instrumento de apoio às equipes da estratégia saúde da família

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Roman, Angelmar Constantino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-28082009-095729/
Resumo: INTRODUÇÃO: A atenção primária à saúde (APS), porta de entrada dos sistemas de saúde organizados, é o nível de atenção de maior contato com as populações e onde as pessoas são atendidas como sujeitos sociais e emocionais com projetos existenciais, sofrimentos e riscos para a saúde e não apenas como portadores de doenças classificáveis. Esse é o modelo da integralidade, opção adotada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, desde sua criação oficial em 1990, para reorientação da assistência, em busca da consolidação dos seus princípios. Compatível com esses princípios estruturadores, a Medicina de Família e Comunidade (MFC) é a especialidade que atua na APS. Mas, os níveis de atenção secundária e terciária, que embasam seus conceitos no modelo explicativo biomédico, é que determinam discurso e prática da educação médica e delineiam a forma de registrar os eventos clínicos e de codificar os agravos. Essa forma de registrar e codificar revela-se insuficiente para abarcar o universo complexo de achados no cotidiano do atendimento à maioria das pessoas que acorrem à APS. Assim, este trabalho descreve um software de registro essencial, compatível com os princípios do SUS, com os atributos da APS e com as características estruturadoras da MFC, para os apontamentos do encontro terapêutico que ocorre na atenção primária à saúde. Propõe a integração do método Weed, de história clínica orientada ao problema, com a automatização das indicações de diretrizes clínicas, trazendo como exemplo o manejo e monitoramento dos principais fatores de risco cardiovascular. Mostra como a utilização de um protótipo funcional desse software impactou a quantidade e os custos de procedimentos (exames laboratoriais, consultas com especialistas, procedimentos hospitalares) realizados durante um ano de observação. MÉTODOS: Em um ambulatório de APS, foram observados dois grupos de pacientes com idade maior que 20 anos, atendidos durante o ano de 2003. O grupo intervenção foi atendido por uma equipe de saúde cujo médico de família e comunidade utilizou o software do registro clínico essencial. O grupo controle constou dos pacientes atendidos pelas equipes de saúde cujos médicos de família e comunidade não utilizaram o software. Ao final de um ano de observação, foram comparadas as diferenças entre os dois grupos, quanto ao perfil de indicação e utilização de recursos fora do ambulatório em foco. RESULTADOS: O número de pacientes sob observação foi de 4.193 (616 (15%) no grupo intervenção; 3.577 (85%) no grupo controle). Desses, 3280 realizaram 80.665 procedimentos. A média do número desses eventos foi de 29,28 e 22,00 eventos para cada paciente, nos grupos intervenção e controle, respectivamente (p <0,001). Da mesma forma, o custo médio por paciente/ano caiu de R$1.130,34 para R$611,51 (p < 0,001), e, a média do custo por procedimento, de R$25,96 para R$19,85 (p < 0,001), para os grupos controle e intervenção, respectivamente. CONCLUSÕES: A utilização de um registro clínico essencial que seja capaz de abrigar e dar suporte ao ritual terapêutico que de fato ocorre na APS, integrado a guidelines que automatizem manejo e monitoramento de fatores de risco cardiovascular, reduz significativamente o número e os custos com procedimentos realizados por pacientes atendidos na APS.