Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Cordeiro, Lilian |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5148/tde-11012022-123842/
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Resumo: |
Introdução: A alta taxa de mortalidade cardiovascular continua sendo um desafio para todos os nefrologistas que lidam com pacientes em diálise. A hipertrofia de ventrículo esquerdo (HVE) é um dos fatores de risco para mortalidade cardiovascular na população dialítica e ocorre com muita frequência. Além da hipertensão arterial, que sabidamente leva à HVE, outros fatores são associados na fisiopatologia da HVE da doença renal crônica (DRC): os não reversíveis como idade, diabetes, enrijecimento de grandes artérias e os reversíveis, tais como hipervolemia, distúrbio mineral e ósseo da doença renal crônica e anemia. Em diálise peritoneal (DP), o uso de diferentes concentrações de glicose ou de icodextrina são opções terapêuticas para controle de volemia, sendo a icodextrina com maior poder de ultrafiltração e, portanto, maior potencial de controle de volemia. Objetivo: Avaliar alterações no índice de massa do ventrículo esquerdo (IMVE) por meio de ressonância nuclear magnética (RNM) de coração em pacientes em DP, comparando solução de icodextrina vs. solução de glicose; correlacionar os achados com a extração de fósforo pelo dialisato e com o fator de crescimento de fibroblasto 23 (FGF-23). Métodos: Estudo randomizado, tipo coorte, prospectivo, de caráter intervencionista com grupo controle. Pacientes em Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua ou em Diálise Peritoneal Cíclica Contínua foram recrutados dos Programas de Diálise Peritoneal do Serviço de Nefrologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do Estado de São Paulo. Dados clínicos, demográficos, bioquímicos, bioimpedância (relação água extracelular/água corporal total AEC/ACT) e RNM cardíaca foram avaliados no momento basal e após 6 meses de acompanhamento. Resultados: Foram incluídos 38 pacientes, com idade 48 ± 18 anos, 77,2% mulheres, 22,7% com diabetes melitus, que estavam em diálise há 11 (6-28) meses. Hemoglobina estava no alvo preconizado 11,3 ± 2,1 g/dl, PTH era 300 (189 - 604) pg/ml e FGF-23 era de 877 pg/ml (154-4522). Vinte pacientes foram alocados no grupo controle (GC) com 12 tendo concluído o estudo e 18 pacientes no grupo icodextrina (GI), com 10 tendo concluído. Pacientes dos dois grupos não diferiram em idade, sexo, doença de base e tempo em diálise (p > 0,05 para todas as comparações). Pacientes do GI apresentaram cálcio mais baixo (p=0,036) e pacientes do GC tinham maior relação AEC/ACT (p=0,002). HVE foi encontrada em 17 pacientes (77,3%), sem diferença entre os grupos (p=0,748). O IMVE se correlacionou com a pressão arterial diastólica (r=0,726, p=0,027). O IMVE se correlacionou (p < 0,05) com o hematócrito (r=-0,495), com a creatinina (r=0,823), com a pressão arterial diastólica (r=0,832) e sistólica (r=0,754), com tendência a se correlacionar com o peptídeo natriurético cerebral (r=0,755). Durante o acompanhamento, observamos por ANOVA multifatorial uma redução da diurese e do Kt/V renal em ambos os grupos assim como uma melhora da 25(OH)-vitamina D. A relação AEC/ACT ficou estável no GC e aumentou no GI. A pressão arterial sistólica reduziu no GC e aumentou no GI. O cálcio sérico teve aumento mais acentuado no GC. Interação entre fatores tempo (basal vs. 6 meses) e intervenção (GC vs. GI) foi identificada no comportamento da proteína C reativa (reduziu no GC e aumentou no GI) e na albumina (aumentou no GC e reduziu no GI), sendo também observado aumento da pressão arterial sistólica neste grupo. O IMVE variou de 66,2 13,5g/m2 para 62,2 14,9g/m2 no GC e de 89,1 28,9g/m2 para 88,1 28,9 g/m2 no GI, diferindo entre os grupos (p=0,020). Outros parâmetros da RNM incluindo a fração de ejeção mostraram melhora no GC. O delta de variação do IMVE (valor em 6 meses subtraído do valor basal) se correlacionou com dados do momento basal tais como a pressão arterial diastólica (r=0,482, p=0,027), creatinina (r=0,534, p=0,013), proteína C reativa (r= -0,589, p=0,010) e hematócrito (r=0,459, p=0,036) e com o delta do peptídeo natriurético cerebral (r=0,566, p=0,044), com tendência de correlação com o delta da relação AEC/ACT (r=0,419, p=0,074) e com o delta de remoção semanal de P (r= -0,426, p=0,054). O delta do BNP se confirmou como variável independente associada ao delta do IMVE (p=0,012) em análise de regressão linear múltipla com múltiplos ajustes. Conclusão: O uso de icodextrina não foi superior à glicose para controlar a HVE em pacientes em DP. No entanto, o controle de fatores de risco clássicos como a volemia parece ser o fator responsável por reduzir a HVE, mesmo com uso de solução padrão de glicose, devendo ser sempre almejado nesta população. O papel da extração de fósforo pelo dialisato e do FGF-23 na HVE nesta população precisa ser mais bem avaliado em estudos futuros |