Do rascunho ao texto final: o que motiva as transformações em textos de alunos da escola básica?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Oliveira, Carlos Gomes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-24062008-163818/
Resumo: A pesquisa toma a produção escrita de alunos concluintes do ensino médio como objeto de análise. Ela nasceu de minha experiência em sala de aula como professor de língua portuguesa e inglesa. A pergunta geradora recai sobre a natureza das transformações efetuadas pelo aluno no momento de \"passar a limpo\" sua redação. Mobilizando conceitos da psicanálise lacaniana, tais como alienação e separação (LACAN: 1964), conceitos da lingüística, tais como a teoria polifônica da enunciação (DUCROT: 1987) e conceitos da teoria da argumentação (PERELMAN: 2005), procurei verificar a existência de transformações lingüístico-discursivas entre o rascunho e a versão final, cuja característica principal seja a de agregar valor à argumentação que vinha sendo desenvolvida no rascunho; descrever a natureza destas transformações (caso elas existissem), que os concluintes da escola básica puderam fazer em textos produzidos em contexto formal, o de avaliação. Parti da hipótese de que escrever um texto que carregue traços de singularidade demanda um \"trabalho da escrita\" (expressão cunhada por RIOLFI: 2003). Para investigá-la, tomei como objeto de análise um corpus inicial de mil quinhentas e cinqüenta e oito redações produzidas por adolescentes no dia 10 de novembro de 2005, no SARESP - Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo. Ative-me apenas às redações produzidas por alunos do terceiro ano do ensino médio, um total de duzentas e doze redações. As redações que não possuíam rascunho foram descartadas (quarenta e uma redações). Assim sendo, efetuei uma análise preliminar de cento e setenta e uma redações, tendo podido verificar que aproximadamente metade dos alunos ateve-se a aspectos puramente formais (pontuação, ortografia, acréscimo aleatório de algumas palavras, troca de algumas palavras por seus sinônimos, correção da concordância nominal e verbal etc.). Convencido de que a presença de traços de singularidade tinha alguma relação com as transformações efetuadas pelo aluno no momento de \"passar a limpo\" sua redação, pus-me a analisar a natureza de tais transformações lingüístico-discursivas. Por este motivo, efetuei um novo recorte, a partir do qual, restaram-me noventa redações, as quais constituem o corpus final da presente pesquisa. Após concluído o intrincado processo para constituir o corpus final da dissertação, uma análise minuciosa dos textos foi realizada. Ela trouxe à tona uma constatação: de um modo geral, ao alterarem o texto, os alunos atenderam a uma demanda do outro. Sendo assim, tendo constatado esta evidência, decidi selecionar apenas cinco redações a título de exemplo, as quais estão nos anexos. Portanto, a conclusão a que cheguei é a de que: ao invés de aproveitarem a oportunidade de passar um texto a limpo para empreender as alterações necessárias para sustentar um discurso próprio, os alunos preferiram reescrever o texto conformando-o aos parâmetros do que pensam ser o discurso do outro.