Eficácia do uso de marcadores genéticos na escolha do tratamento farmacológico do tabagismo com bupropiona e vareniclina e implicações na combinação das drogas: estudo randomizado, controlado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gaya, Patrícia Viviane
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-27102023-174256/
Resumo: Introdução: A cessação do tabagismo é estratégia fundamental para a redução de morbimortalidade geral. Nosso grupo publicou dois artigos identificando marcadores genéticos que se correlacionaram ao melhor resultado no tratamento com bupropiona e com vareniclina. O objetivo deste estudo foi testar se o uso dos marcadores genéticos na escolha da droga inicial para o tratamento do tabagismo, estratégia conhecida como medicina de precisão, poderia ser superior ao uso da medicação mais eficaz para cessação do tabagismo (vareniclina). Avaliamos, também, se esta estratégia reduziria a necessidade de combinar medicamentos para otimização das taxas de sucesso antes do final do tratamento. Métodos: Ensaio clínico randomizado parcialmente cego realizado de novembro de 2017 a março de 2022, em centro único em São Paulo, Brasil. Um total de 361 fumantes receberam aconselhamento para parar de fumar e medicamentos de acordo com a randomização em grupo genético ou grupo controle, proporção 1:1. O grupo genético (n=184) iniciou o tratamento com bupropiona, caso o genótipo AA para CYP2B6 (rs2279343) estivesse presente; se não, com vareniclina se o genótipo CT ou TT para CHRNA4 (rs1044396) estivesse presente. Na ausência de polimorfismos favoráveis, iniciou com ambas as drogas. O grupo controle (n=177) iniciou com vareniclina, independentemente dos marcadores genéticos. O tratamento medicamentoso durou 12 semanas. A eficácia foi avaliada com cessação na semana 4 e entre as semanas 8 a 12, confirmadas com monóxido de carbono no ar exalado. Nos fumantes que não obtiveram abstinência completa na semana 4, foi adicionado outro medicamento; portanto, se estivessem usando vareniclina 2 mg/dia, adicionamos bupropiona 150 mg/dia; se estivessem usando bupropiona 300 mg/dia, adicionamos vareniclina 2 mg/dia e reduzimos bupropiona para 150 mg/dia. Resultados: Não houve diferença entre os grupos em relação às características demográficas, clínicas, psiquiátricas, dependência a nicotina e distribuição dos genes (Equilíbrio de Hardy-Weinberg (p>0,05). A taxa de abstinência no grupo controle foi significativamente superior à do grupo genético, tanto na semana 4 (abstinência pontual), quanto ao final do tratamento (abstinência contínua entre semanas 8 a 12), respectivamente: na semana 4 - grupo controle 42,9% (IC 95% 36%- 50%) versus grupo genético 30,4% (intervalo de confiança CI 95% 24%-37%), p=0,014; e na semana 12: grupo controle 74% (IC 95% 67%-80%) vs 57% (IC 95% 49%-64%) no grupo genético, p=0,001. A presença dos polimorfismos favoráveis não interferiu na eficácia dos fármacos. Não houve diferença na taxa de abstinência entre quem adicionou a outra droga durante o tratamento ou iniciou com ambas (p=0,72). No entanto, a chance de interromper o tratamento quando iniciado com bupropiona foi 3,54 (IC 95% 1,98 -6,3) maior do que quando iniciado com vareniclina (p<0,001). Conclusão: O polimorfismo CYP2B6 (rs2279343) favorável à bupropiona e o polimorfismo CHRNA4(rs1044396) favorável à vareniclina não aumentaram a eficácia das drogas. A melhor estratégia para cessação do tabagismo foi iniciar o tratamento com a droga mais potente (vareniclina) e adicionar bupropiona para os resistentes à monoterapia