Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Gouveia, Angelly Alani Marques de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-08102019-142844/
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Resumo: |
Nos últimos anos, as escolas públicas de São Paulo observaram um crescimento significativo da presença de alunos imigrantes em sala de aula. Dados da Secretaria Estadual de Educação indicam que as matrículas aumentaram 18% em 2019, sendo o maior grupo o de estudantes bolivianos, com 5.022 matriculados. Considerando esse panorama, este estudo buscou avaliar os desafios linguísticos enfrentados pelo professor no ensino de língua portuguesa em salas de aula heterogêneas, isto é, formadas por brasileiros e imigrantes. Como recorte, definiram-se os estudantes com ascendência boliviana como protagonistas da pesquisa e realizou-se o acompanhamento das aulas de português do sexto ano do Ensino Fundamental II em uma escola situada no bairro do Brás (São Paulo/SP), local escolhido por concentrar indivíduos da comunidade boliviana (cf. SILVA, 2006; CYMBALISTA; XAVIER, 2007; FREITAS, 2012). Dessa forma, a partir da coleta de textos espontâneos de alunos com ascendência boliviana e brasileiros, estratégia de obtenção de dados consoante Cagliari (1990), as análises foram realizadas buscando os principais desafios ortográficos, com os objetivos de (i) identificar a natureza das dificuldades dos alunos protagonistas, relacionando os resultados com a produção dos estudantes brasileiros; (ii) verificar se a possível situação de contato constante com espanhol no convívio familiar resultava na manifestação de aspectos do espanhol na escrita em português; (iii) comparar as dificuldades de bolivianos e de filhos de bolivianos, averiguando se estes estudantes, ainda que brasileiros na nacionalidade, não enfrentavam desafios semelhantes aos dos imigrantes; e, por fim, (iv) propor atividades didáticas com base nas principais necessidades identificadas na análise, para auxiliar o professor de escola pública a conduzir o ensino da escrita em português em salas heterogêneas. De maneira geral, os resultados indicaram que bolivianos, filhos de bolivianos e brasileiros, dentro do grupo estudado, apresentam dificuldades parecidas, sendo a principal relacionada à diferenciação entre a modalidade falada e escrita da língua, já que na maioria das produções houve a representação de processos fonológicos do português, bem como outras dificuldades na escolha de grafemas motivadas, muitas vezes, pela pronúncia associada à concorrência entre letras. Ademais, estudantes bolivianos e filhos de bolivianos exibiram as mesmas dificuldades nas produções, relacionadas a processos fonológicos e à seleção de grafemas, com a adição de aspectos do espanhol inseridos na escrita em português. Finalmente, com base nesses resultados, foram propostas atividades didáticas focando nas diferenças entre a modalidade falada e escrita da língua e nas reflexões sobre uma situação real de preconceito associado à ortografia. Como principal conclusão, constatou-se que os alunos ascendência boliviana, ainda que inseridos em aulas que não trazem o ensino da língua específico para imigrantes, estão aprendendo efetivamente o português brasileiro na modalidade oral, já que transferem hipóteses pertinentes sobre a língua para a escrita. |