Caminhos da subjetividade no acolhimento: atenção à saúde de soropositivos com base em histórias de vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Araújo, Rachel Batista
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-13052024-101706/
Resumo: Ao longo da década de 1980, a epidemia do HIV atingiu um grupo populacional já marginalizado, o dos homossexuais masculinos, e instigou preconceito semelhante aos infectados com lepra, independente de classe social. A epidemia, no entanto, desencadeou o surgimento de novas ONGs, o fortalecimento de antigas, a aprovação da união civil entre pessoas do mesmo sexo, tendo mobilizado entidades de classe, pastorais da igreja, profissionais de saúde e órgãos do governo para medidas de resposta ao problema inicialmente ignorado pela sociedade (MONTEIRO; VILELLA, 2009; CECÍLIO, 2009). A empreitada pelos direitos ao tratamento e à prevenção do HIV logrou êxito principalmente com relação ao princípio da universalidade do Sistema único de Saúde (SUS). Os princípios da equidade e da integralidade, entretanto, com relação ao tratamento dos que vivem com HIV, ainda está em construção. Nosso estudo, conduzido na Casa da Aids, em São Paulo, teve por objetivos: saber que tipo de acolhimento os pacientes recebem, se eles realmente têm abertura para falar sobre seus anseios e sobre seus hábitos mais íntimos; pesquisar se o acolhimento realizado pelos profissionais da instituição consegue animá-los para a próxima ida. Queremos saber como isso pode ocorrer e também como poderia garantir vínculo e adesão ao tratamento. Como metodologia, realizamos a observação participante, tendo por base as contribuições de Bosi (1979) e Minayo (1992). Trata-se de uma técnica de coleta de informações largamente utilizada na pesquisa qualitativa, sobretudo as de cunho etnográfico. Implica no observador se colocar em relação ao campo e aos sujeitos numa atitude a um só tempo aberta e expectante, todavia com escassa ou nenhuma intervenção no processo. Foram entrevistados 11 sujeitos, 6 pacientes e 5 profissionais de saúde, todos na Casa da Aids. Utilizamos o conteúdo narrado para coletar as histórias de vida dos personagens, e fizemos as nossas narrativas sobre eles em forma de hestórias patográficas (NUNES, 2018; NUNES, 2019; SOUZA, 2003) e de historiobiografias (CRITELLI, 2013). As narrativas conferem, para qualquer usuário do sistema de saúde, uma absorção da própria vivência na doença, uma maior oportunidade daquele sujeito se apropriar do seu processo e, quiçá, transformá-lo, dentro do processo de saúde, em fonte de vida; permite ao profissional ter uma maior visão dos reais sentimentos que o sujeito que vive uma doença tem por seu tratamento; também faz com que tanto o profissional quanto o usuário tenham visão do mundo do sujeito que experencia aquele processo e com que enxerguem uma luz para melhorar a trajetória dele no sentido de controlar aquela doença. Finalmente, sugerimos algumas mudanças no fluxo do serviço de saúde, a fim de suprir a necessidade de estreitamento na relação instituição-usuário.