Gordinhos ou obesos? A obesidade infantil sob uma perspectiva qualitativa em um estudo com crianças e seus familiares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Marta Pereira Militão da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-19012023-103836/
Resumo: A prevalência da obesidade infantil vem crescendo em todo o mundo, sendo classificada atualmente pela OMS como uma epidemia global. No Brasil, as taxas de sobrepeso e obesidade não pararam de crescer nas últimas décadas e recentemente tem aumentado em crianças, incluindo as menores de 5 anos. Com a não efetividade das medidas de controle do excesso de peso passou-se a focar em medidas preventivas. Diante desse cenário, as crianças tornaram-se o foco privilegiado de medidas de controle e prevenção por parte dos entes governamentais e de saúde. Diversos estudos identificaram lacunas na literatura no tocante ao ponto de vista dos sujeitos que vivem com excesso de peso e que são objeto dessas políticas, sobretudo das crianças. Este trabalho procurou compreender a experiencia das crianças identificadas com excesso de peso, o impacto deste em seu cotidiano, e os sentidos atribuídos à esta situação por suas famílias. A pesquisa realizada foi de natureza qualitativa, e foram entrevistados 21 sujeitos, sendo 11 crianças, com idades entre 7 e 10 anos, e 10 de seus responsáveis. As entrevistas foram realizadas em parques públicos da cidade de São Paulo no mês de Janeiro de 2021. Os dados obtidos foram tratados com a análise de conteúdo categorial temática e interpretados à luz do referencial da antropologia interpretativa. Os resultados mostram que as famílias apontam como principais explicações para o excesso de peso: o ambiente familiar, a individualidade da criança e a ocorrência de situações disruptivas na dinâmica familiar. A saúde é entendida como o equilíbrio de diferentes aspectos da vida da criança, sendo o peso apenas um desses componentes. O sobrepeso e a obesidade não são vistos como um continuum e são compreendidos pelas famílias como elementos de dimensões distintas. O sobrepeso é visto como uma situação ligada ao estilo de vida e ao comportamento e a obesidade como uma condição de saúde. Os resultados indicaram ainda que o cotidiano das crianças entrevistadas se mostrou marcado por questões como a pressão do padrão do corpo magro, o discurso nutricional oficial, as restrições alimentares e o bullying. O ambiente doméstico caracterizou-se pela sobrecarga do trabalho feminino, onde as rotinas familiares foram alteradas profundamente pela pandemia da Covid-19, sobretudo no tocante às práticas alimentares, à pratica de atividade física e ao tempo destinado às telas pelas crianças. Este estudo contribui para o avanço das pesquisas sobre a experiencia de excesso de peso das crianças e das pesquisas em saúde feita com crianças, preenchendo assim uma lacuna da literatura