Marcadores de lesão do glicocálix endotelial em pacientes com declínio cognitivo por doença cerebral de pequenos vasos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Martins Filho, Rui Kleber do Vale
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-01122022-122412/
Resumo: Introdução - Entende-se por comprometimento cognitivo vascular (CCV) a ampla gama de síndromes de déficit cognitivo cuja doença cerebrovascular (DCV) atua como fator primário e primordial do processo ou colabora direta ou indiretamente com a cadeia de eventos que culminam com o estabelecimento dos sintomas. A doença cerebral de pequenos vasos (DCPV), por sua vez, engloba processos patológicos envolvendo arteríolas perfurantes, capilares e vênulas do sistema nervoso central, com impacto proeminente nas funções cognitivas e motoras e sendo a principal causa de CCV. A disfunção da unidade neurovascular (UNV), conjunto funcional de neurônios, células da glia, células perivasculares e do endotélio, parece ser o elemento-chave na gênese dos processos patológicos que envolvem a DCPV. O glicocálix endotelial (GE), estrutura que recobre a parte luminal do endotélio, apresenta funções primordiais para o bom funcionamento da UNV, e sua degradação pode ser um dos principais mecanismos fisiopatológicos envolvidos no CCV por DCPV. Objetivos - Investigar a relação entre marcadores séricos de lesão do GE e a presença de CCV por DCPV. Secundariamente, avaliar a relação destes marcadores com: 1) escores em teste psicométrico de rastreio (MoCA); 2) escores de funcionalidade nas atividades de vida básica e instrumental (escalas de Katz e Lawton); 3) número de lesões e volume de hipersinal de substância branca na ressonância magnética (RM) de crânio dos pacientes. Métodos - Estudo unicêntrico, transversal, realizado através da coleta de dados demográficos, fatores de risco cardiovasculares e marcadores séricos de lesão do GE (sindecano-1 e hialuronano) de pacientes com CCV por DCPV do HCRP e de um grupo de funcionários saudáveis (controle) da mesma instituição. Posteriormente, foi realizada segmentação com volumetria das lesões de substância branca presentes na RM dos pacientes com CCV e feita correlação com os níveis dos biomarcadores. Foram realizados, através de métodos de regressão logística e estatística-C, análise das variáveis relacionadas à presença de CCV, bem como realizados testes de correlação (Spearman) entre níveis dos marcadores e performance no MoCA, funcionalidade, número de lesões de substância branca e volume agregado das lesões. Resultados - No período de julho de 2019 a março de 2020, foram recrutados 22 pacientes com CCV por DCPV, sendo avaliados em relação a um banco de dados de 22 indivíduos saudáveis. Pacientes com CCV, na análise univariada, mostraram-se mais idosos, com maior prevalência de diabetes mellitus (DM), hipertensão arterial sistêmica (HAS), menor funcionalidade e maiores níveis de sindecano-1 (78,4 x 24; p < 0,01). Não houve diferença nos valores do hialuronano entre os grupos. Na análise multivariada, apenas idade (OR 1,35; IC 1,04 - 1,76; p = 0,02) e níveis de sindecano-1 (OR 1,08; IC 1,01 - 1,15; p = 0,01) foram variáveis independentes para presença de CCV. A estatística-C demonstrou uma curva ROC com área sob a curva de 0,78 (IC 0,64 - 0,92) para a capacidade do sindecano-1 em detectar presença de CCV. Houve uma correlação entre os níveis de sindecano-1 com resultados do MoCA (coeficiente de correlação = - 0,34; p = 0,02) e não foram observadas associações entre os dois marcadores e a funcionalidade e carga lesional de substância branca dos pacientes. Conclusões - O sindecano-1, ao contrário do hialuronano, apresenta-se como um potencial marcador de CCV em pacientes com DCPV.