Lesão do glicocálix endotelial na síndrome do desconforto respiratório agudo após síndrome gripal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Benatti, Maíra Nilson
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Flu
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-02122020-115417/
Resumo: Introdução: Os vírus respiratórios são endêmicos no mundo e, geralmente, causam doença benigna e autolimitada. Ocasionalmente, eles podem atingir a via aérea inferior, principalmente o vírus influenza, e desencadear um quadro grave de síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) que apresenta alta mortalidade. O glicocálix endotelial é uma camada gelatinosa rica em carboidratos que reveste os vasos internamente. A lesão desta estrutura esta associada a um aumento da permeabilidade vascular, aumento da adesão e migração de neutrófilos para fora do vaso, adesão e agregação plaquetária, etc. Estes processos fisiopatológicos são fundamentais na instalação da SDRA. Alguns estudos mostram a lesão do glicocálix endotelial na fase inicial da SDRA após sepse bacteriana, contudo nenhuma investigação avaliou a participação desta estrutura na SDRA desencadada após infecções virais. O objetivo desse estudo foi investigar a ocorrência de lesão do glicocálix endotelial nos pacientes que desenvolvem SDRA após uma síndrome gripal. Métodos: Pacientes com diagnóstico de síndrome gripal durante um surto epidêmico de influenza A H1N1pdm09 foram divididos em dois grupos: pacientes com e sem SDRA. Um grupo de indivíduos saudáveis foi incluído para comparação no grupo controle. Durante a primeira avaliação médica, os níveis de hialurânio, trombomodulina, sindencano-1, TNF- &alpha;, IL-6, IL-1beta foram dosados. Nos pacientes que evoluíram a óbito e foram submetidos a necropsia foi realizada a avaliação histometrica do perímetro da membrana hialina e do número de neutrófilos infiltrados no septo alveolar. Resultados: Dos 101 indivíduos, o grupo com SDRA contou com 30 pacientes (44 ± 16 anos, 57% homens), o grupo sem SDRA com 36 pacientes (39 ± 17 anos, 42% homens) e o grupo controle foi composto por 35 indivíduos (44 ± 9 anos, 51% homens). Os níveis de hialurânio foram significativamente maiores no primeiro grupo [31ng / ml (12-56)] que nos outros dois grupos [5ng / ml (3-10)] e [5ng / ml (2-8)]; p <0,0001. Os níveis de trombomodulina foram mais elevados no grupo com síndrome gripal, com SDRA [1411pg/ml (878-2237)] e sem SDRA [1390pg/ml (21-1746], em comparação com o controle [219 pg/ml (21-601)], p<0,0001. Os níveis de sindecano-1 foram mais elevados no grupo com SDRA [28ng/ml (24- 57)] em comparação ao grupo sem SDRA [24 ng/ml (24-25)], p=0,009. Não foram observadas diferenças entre os níveis de citocinas entre os grupos (p>0,05). A dosagem de hialurano >19 ng/ml foi associada a um aumento significativo da mortalidade em 28 dias: risco relativo (RR): 6,95, intervalo de confiança de 95% (IC95%): 1,88-25,67, p=0,0017 nos pacientes com síndrome gripal. Observou-se uma correlação positiva entre o perímetro da membrana hialina e o níveis plasmáticos de trombomodulina (rho=0,89; p=0,05) e entre o número de neutrófilos no septo alveolar e os níveis plasmáticos de hialurano (rho= 0,89; p=0,05). Conclusão: Mostramos evidências da participação da lesão do glicocálix endotelial no processo de instalação da SDRA após síndrome gripal.