O romance monstruoso: 2666 de Roberto Bolaño

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Xerxenesky, Antônio Carlos Silveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-28052019-113648/
Resumo: Considerado a culminação do projeto literário do escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), o romance 2666, publicado postumamente em 2004, é formado por cinco partes de encaixes não harmônicos. Argumento, neste estudo, que 2666 assimila diferentes gêneros literários consagrados, como o romance realista norte-americano, o romance policial em mais de uma variante e, por fim, o romance de formação alemão. Num primeiro momento da tese, um close reading do livro analisa a estrutura e as modulações do narrador e do estilo de Bolaño de cada parte, num afã de compreender como esses gêneros são assimilados. Os principais temas do autor a relação entre ética e estética, arte e violência são alcançados a partir da análise formal, em diálogo constante com a fortuna crítica e, num esforço comparativo, com obras canônicas cujos gêneros Bolaño busca assimilar. Ao abordar 2666 por este viés, levanta-se uma série de questões que orbitam ao redor de duas perguntas fulcrais: que espécie de romance é 2666? E o que ele representa para a poética do início do século XXI? Uma vez que 2666 é ocasionalmente classificado como enciclopédico ou maximalista e posto em diálogo com outros romances longos norte-americanos, questiono essa taxonomia, buscando apresentar suas limitações e refletir sobre como o livro resiste a catalogações e leituras definitivas. Partindo de ligações sugeridas pelo próprio romance, aproximo 2666 de obras que lidam com o conceito de romance total escritas no entreguerras. Em uma leitura diacrônica, postulo, então, que Roberto Bolaño ressuscita o que é possível resgatar de um ideário modernista, que, por sua vez, ganha uma nova significação na sua poética, indissociável dos espectros do fracasso das utopias, da crise do humanismo e do triunfo do capitalismo tardio em toda a sua violência. A relação entre 2666 e o alto modernismo, no entanto, não é estável ou pacífica. A partir das fissuras, dos rastros, do excesso e do desconjuntado, elaboro, por fim, o conceito de um romance monstruoso que assimila com voracidade outros gêneros, expondo contradições inerentes ao fazer poético contemporâneo.