A construção imaginária e simbólica do stress psicológico: a compreensão do stress numa abordagem lacaniana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Modia, Esther Cabado
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-29012009-184828/
Resumo: Somos uma construção social, a nossa produção de sentido, a compreensão que temos do mundo resulta das relações sociais e dos vínculos afetivos, subjetivados e resubjetivados desde a fase especular da infância. A linguagem, condição para a estruturação do inconsciente, inscreve e inaugura o sujeito no universo simbólico. A interação do sujeito com o entorno dá-se de acordo com as significações que faz sobre o mundo em que vive, e o objetivo da tese centra-se em compreender a construção dos significantes de stress. Os significantes de stress desenvolvidos e manifestados na atividade profissional resultam da produção de sentido do sujeito, foram construídos ao longo do tempo, permeados pelo contexto e por elaborações imaginário-simbólicas. Nesta tese, para dar conta do fenômeno estudado, mostrou-se a possibilidade de aproximação teórica entre a psicanálise lacaniana, no que se refere à dimensão imaginário-simbólica constitutiva do sujeito, com a teoria de stress psicológico de Lazarus para viabilizar aqui neste trabalho, a compreensão da origem do stress psicológico. Analisou-se a produção de sentido de stress em profissionais que exercem atividade gerencial, destacando os conteúdos ideativos das dimensões imaginário- simbólica, como constituintes da origem do stress psicológico e buscou-se na análise, entender a relação entre as significações de stress atribuídas à atividade pesquisada e à experiência de stress do sujeito. A pesquisa empírica, realizada com 20 sujeitos, constou de entrevistas-narrativa, com roteiro focal semi-estruturado. Escolheu-se o método de análise do discurso, seguindo dois modelos: Análise do Discurso-AD e Análise do Discurso do Sujeito Coletivo-DSC, utilizando- se o recurso do software Qualiquantisoft. Os resultados encontrados apontam que as significações sobre o trabalho são centrais na vida dos homens e mulheres entrevistados. Os significantes de stress mais lembrados por eles, estão canalizados para as situações de trabalho, em que o estressor mais intenso está vinculado ao cumprimento das metas de prazos curtos. Em segundo lugar, foi lembrado o stress por não ter o controle da situação estressante. Quanto às significações de stress, os homens centram-se nos stressores externos e por sua vez, as mulheres apontam os sintomas como significantes de stress. A maioria dos homens, tem uma lembrança idealizada da infância, sem a presença de stress, sendo que os demais, 30% consideram ter tido uma infância difícil, e identificaram os stressores da infância. As mulheres, também, em sua maioria consideram a infância como um período muito bom de suas vidas, conseguindo identificar stress ocorrido nessa fase. Quanto às lembranças do stress da infância, predomina nos homens entrevistados, a categoria de não se lembrar de tido stress infância, o que não aconteceu no caso das mulheres, para elas, a infância foi muito boa, mas guardam na lembrança ativa, a primeira vez que sentiram stress, tal como o significam atualmente. Elas afirmaram que o stress atual é o mesmo stress da infância, confirmando a repetição significante, de acordo com psicanálise. Com relação aos processos de coping, a diversidade evidenciou-se nas respostas dos homens e das mulheres. As escolhas dos homens mostram três de categorias de coping: Eu enfrento o stress de frente, como um desafio; Eu me afasto para pensar melhor; Relaxar por meio de leituras de auto ajuda. O coping das mulheres também revelou diversidade de respostas quanto a enfrentar seus stressores: 40% tenta se acalmar primeiro, esquivando-se da situação e, depois enfrentam o stressor; 30% toma um calmante leve, uma faz terapia para fortalecer-se e aprender a lidar com os stressores, principalmente para aprender a dizer não às pressões sofridas. Uma afirmou enfrentar prontamente os stressores e sua estratégia consiste em diminuir os seus efeitos para poder controlá-los. Foi citado por outra entrevistada, o procurar relaxar e espairecer por meio de um lazer prazeroso com a família nos finais de semana. Fazer amigos e buscar apoio e trocar idéias foi citado como eficaz processo de coping. O estudo sobre a construção imaginário-simbólica do stress psicológico possibilitou desvelar a origem dos significantes de stress, à luz do saber lacaniano e a pesquisa empírica permitiu um olhar convergente, mas não conclusivo.