Estudo retórico-poético sobre La fortuna (...), de Manuel de Faria e Sousa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Nishihata, Mauricio M.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-29122021-175413/
Resumo: La fortuna de Manuel de Faría, escrita na quarta década do século XVII e redescoberta no século XX, consiste num relato de vida autógrafo do polígrafo português Manuel de Faria e Sousa (1590-1649). Composição de uma memória, por meio dela o escritor-narrador conta os seus serviços estribado na condição de secretário de senhores. O centro da matéria finca-se no período mais ou menos compreendido entre 1622 e 1634, quando o letrado integra o corpo de servidores aglutinados em torno de Manuel de Moura Corte Real, embaixador ao rei Filipe IV em Roma. Na obra, o empregado expõe a sua mísera sorte, isto é, os infortúnios e os percalços que marcaram a sua vida pública na corte, sobretudo as intrigas palacianas passadas na legação romana, onde os conflitos contra o aristocrata ibérico intensificaram-se, a tal ponto de levá-lo a romper os seus vínculos com a Casa senhorial. La fortuna tem sido estudada enquanto um exemplar do gênero autobiografia, por vezes, autobiografia barroca. É suposto que essa classificação consiste em anacronismo, ao aplicar noções da expressão de subjetividades num objeto concebido antes do moderno. Em lugar disso, propomos retomar o seu presente de produção e recepção, investigando os fins retóricos da obra inscrita na categoria das vidas particulares. Por meio da elaboração de um texto de defesa contendo ataques veementes contra o nobre Castelo Rodrigo, o escritor seiscentista dirigiu o seu papel a um conjunto de auditores bastante específico, visando à restituição de crédito. O objetivo da presente tese é apresentar subsídios para essa outra possível interpretação de La fortuna, confrontando procedimentos técnicos apropriados para a análise do escrito, tais como noções acerca do gênero forense, razão de Estado, audiência, circulação de manuscritos, doutrinas do conceito engenhoso, discrição cortesã (discretio), dissimulação honesta, entre outros códigos em voga na Europa contrarreformada dos séculos XVI e XVII. No descortínio desses elementos, lança-se luz a diversas lacunas sobre a biografia do autor em foco, paradigma do homem de letras lusitano atuante em Espanha durante a Monarquia Compósita (1580-1640).