Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Crenitte, Milton Roberto Furst |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-02052022-081817/
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Resumo: |
INTRODUÇÃO: Fatores como pobreza, opressão sexual, racismo e exclusão social podem estar associados com maior vulnerabilidade em saúde. Sabe-se ainda que acesso a saúde é um aspecto central desta vulnerabilidade. O entendimento dos fatores determinantes de uma pior atenção à saúde é particularmente importante entre idosos, já que estes compõem a população que mais frequentemente necessita de cuidados. No entanto, pouco se sabe se características individuais básicas, como gênero e orientação sexual, interferem no acesso à saúde no Brasil, e, consequentemente, conferem uma maior vulnerabilidade em saúde àqueles que envelhecem. OBJETIVOS: (1) Descrever o perfil de saúde de adultos brasileiros com 50 anos ou mais, comparando suas características conforme gênero e orientação sexual. (2) Investigar a associação entre gênero, orientação sexual e acesso à saúde nessa população. MÉTODOS: Estudo de corte transversal realizado através da divulgação de um questionário online sigiloso, distribuído em diferentes plataformas digitais e estimulando o recrutamento em bola de neve (snowball sampling). Foram incluídas as respostas de todos os brasileiros com 50 anos ou mais que aceitaram participar da pesquisa após a leitura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, entre agosto de 2019 e janeiro de 2020. Foi solicitado que os participantes respondessem questões detalhadas sobre suas características sociodemográficas, sobre sua saúde e experiências no sistema de saúde, e sobre sua sexualidade. O 15 desfecho primário foi acesso à saúde, avaliado através da pontuação na escala Primary Care Assessment Tool (PCATool-Brasil). Como desfecho secundário, foi caracterizada a utilização do sistema de saúde conforme o número de exames preventivos realizados pelos participantes. A variável independente primária foi definida como pertencimento ou não à comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT). Foram definidos como não-LGBT participantes que se identificaram como homens ou mulheres heterossexuais cisgênero, e como LGBT aqueles que se identificaram como transgênero, gênero não-binário, travestis, homossexuais, bissexuais e pansexuais. A associação entre ser LGBT e acesso à saúde foi analisada em modelos de regressão de Poisson. RESULTADOS: Foram incluídos 6693 participantes, sendo 1332 LGBT e 5361 não-LGBT, com mediana de idade de 60 anos. Na amostra geral, 77% das respostas tiveram origem na região Sudeste e 79% tinham escolaridade com nível superior completo. Pessoas LGBT relataram uma frequência semelhante de doenças como Diabetes Mellitus (p=0,76), Hipertensão Arterial Sistêmica (p=0,2), Insuficiência Cardíaca (p=0,37) e Fragilidade (p=0,068) quando comparadas às não-LGBT. No entanto, depressão foi mais comum no grupo LGBT, atingindo 37% da amostra, contra 28% (p<0,001) no grupo nãoLGBT. A mediana de pontuação na PCATool-Brasil foi 5,68, mas com diferença significativa entre pessoas LGBT e não-LGBT (5,13 contra 5,82; p<0,001). Além disso, enquanto 31% dos participantes LGBT estavam no pior quintil de acesso à saúde nessa população, o mesmo foi verificado em apenas 18% dos não-LGBT (p<0,001). As frequências de realização de exames de rastreio para câncer de mama, câncer de cólon e câncer de colo uterino também foram menores no grupo LGBT. Por fim, após análise multivariada, foi confirmada a associação independente entre ser LGBT e ter pior acesso à saúde, com razão de prevalências de 2,5 (IC95%=2,04- 16 3,06). CONCLUSÕES: Em uma população de brasileiros com 50 anos ou mais, pessoas LGBT relataram sinais sugestivos de depressão com uma frequência maior que as não-LGBT. Além disso, ser LGBT associou-se com pior acesso à saúde, sugerindo que a elaboração de políticas públicas promovendo a inclusão dessas pessoas nos serviços de saúde seja necessária para melhorar seus cuidados durante o processo de envelhecimento |