A entrega de um filho para adoção e o mito do amor materno: estudo clínico-qualitativo com profissionais de enfermagem envolvidos com mulheres que entregam os filhos para adoção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Marques, Rita Marques Tropa Alves dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-18022020-111945/
Resumo: A adoção é uma temática estudada mundialmente. No entanto, no que diz respeito às mães biológicas que entregam os filhos para adoção, os estudos têm-se revelado escassos. Os que existem, centralizam a sua atenção na caracterização destas mulheres, bem como no aprofundamento dos motivos que levam à entrega de um filho. A presente pesquisa pretende, como objetivo principal, investigar de que modo o mito do amor materno afeta as ideias e concepções em relação à entrega de um filho para a adoção nos profissionais de enfermagem diretamente envolvidos com estas mulheres. Objetiva, ainda, compreender de que modo a experiência pessoal na família de origem destes profissionais pode interferir no seu relacionamento face às mulheres que entregam um filho; entender de que maneira o modelo idealizado de família tradicional, pode interferir na sua prática e postura profissional; investigar como as narrativas interativas podem contribuir para a reflexão acerca do tema em análise, bem como a atuação profissional face a estas mulheres e, por último, analisar eventuais diferenças ou semelhanças que possam existir no relacionamento dos profissionais de enfermagem, brasileiros e portugueses, face às mulheres que entregam um filho. Metodologicamente, a pesquisa configura-se como pesquisa qualitativa, tendo sido utilizado o método interpretativo da análise temática, recorrendo-se, ainda, a algumas estratégias de codificação inspiradas na Grounded Theory. Foram realizadas entrevistas individuais semi-dirigidas com 67 profissionais de enfermagem (brasileiros e portugueses) que tinham contato com estas mulheres. Posteriormente, foi solicitado a cada um destes profissionais que completassem, individualmente, duas histórias fictícias, sobre a entrega de um filho para adoção, elaboradas especialmente para o presente estudo, produzindo-se uma narrativa interativa. Os resultados apontaram para a presença de uma visão de maternidade idealizada, onde a mãe é vista como devendo ter um amor incondicional face aos filhos e colocando-os em primeiro lugar, em detrimento das suas necessidades e desejos pessoais. Esta visão parece ter um impacto na forma como os profissionais de enfermagem entendem as mulheres que entregam um filho, assim como na sua atuação face a elas. Adicionalmente, a atuação dos profissionais de enfermagem tende, também, a ocorrer de acordo com a sua experiência e vivência pessoal, remetendo os profissionais para as suas próprias vivências, como forma de explicitar que uma mãe deve se manter com o seu filho. O modo como os profissionais de enfermagem abordaram o ideal de família permitiu-nos compreender, como o modelo tradicional de família ainda se encontra presente, ainda que coexistindo com outras configurações e modelos familiares. Neste sentido, antecipam-se desafios e dificuldades na forma como as mulheres que entregam são acolhidas, bem como na atuação efectivamente profissional frente a elas. Os resultados alcançados confirmam como as narrativas interativas se revelam importantes para o aprofundamento e reflexão da temática da entrega de um filho, sendo as histórias relatadas reveladoras de uma maior aceitação da situação de entrega, no caso da mulher pertencente a uma classe social mais desfavorecida