Influência do interferon-γ sobre o parkinsonismo, na discinesia induzida pelo tratamento com L-DOPA e na expressão de fatores neuroinflamatórios

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ferrari, Daniele Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17163/tde-07092020-095804/
Resumo: A doença de Parkinson (DP) é caracterizada pela perda de neurônios dopaminérgicos da via nigroestriatal, cuja causa ainda é desconhecida. O tratamento mais efetivo para os sintomas motores da DP é por meio da administração de L-DOPA. A cronicidade desse tratamento leva ao desenvolvimento de discinesia induzida por L-DOPA (LID), caracterizado por movimentos involuntários anormais (AIMs). Observou-se no estriado lesionado de animais parkinsonianos com discinesia a presença de células gliais ativadas e o aumento da expressão de sintase do óxido nítrico induzida (iNOS), sugerindo o envolvimento de neuroinflamação na fisiopatologia da DP e da discinesia. A transcrição de iNOS é dependente de citocinas pró-inflamatórias, como o interferon-γ (IFN-γ). O IFN-γ pode ativar micróglia e de astrócitos. Foi observado o aumento da produção desta citocina no plasma e no cérebro de pacientes com DP, sugerindo sua participação na doença. Além disso, animais nocaute para IFN-γ apresentaram neuroproteção contra degeneração de neurônios dopaminérgicos no modelo de MPTP e paraquat, mas ainda não se conhecia sua influência sobre a LID. O objetivo deste estudo foi investigar se a deficiência de IFN-γ interfere sobre a degeneração de neurônios dopaminérgicos promovida pela neurotoxina 6-OHDA, no desenvolvimento da discinesia induzida pelo tratamento crônico com L-DOPA e na expressão de marcadores de neuroinflamação. No primeiro experimento analisamos a interferência do IFN-γ na lesão unilateral por 6-OHDA. Camundongos IFN-γ/KO e WT foram microinjetados com 6-OHDA no estriado e sacrificados 1, 3, 7 ou 21 dias após a cirurgia. A análise da imunorreatividade para enzima tirosina hidroxilase (TH) no estriado e na SNc indicou início da lesão dopaminérgica desde o primeiro dia após microinjeção, em ambas estruturas, com rápida progressão até o 21º dia, chegando a cerca de 85% no estriado e de 83% na SNc. Não houve diferença no desenvolvimento da lesão entre os grupos de animais. No segundo experimento, camundongos WT e IFN-γ/KO hemiparkinsonianos, foram tratados com L-DOPA por 21 dias. A análise dos AIMs indicou altos níveis de discinesia desde o primeiro dia de tratamento, que perdurou até o 21º dia, sendo semelhante entre os animais WT e IFN-γ/KO. A lesão da via nigroestriatal foi confirmada pelo teste do cilindro e imunohistoquímica para TH, indicando não haver diferença entre os grupos de animais. Foi observado maior número de neurônios TH+ no estriado lesionado dos animais IFN-γ/KO tratados com L-DOPA, em comparação aos animais WT. A análise da expressão de FosB no estriado não indicou diferenças entre os animais discinéticos. Os animais IFN-γ/KO tratados com L-DOPA apresentaram aumento da expressão de iNOS, Iba-1 (marcador de micróglia) e GFAP (marcador de astrócitos) no estriado lesionado, em comparação aos animais WT tratados com L-DOPA. A análise da morfologia indicou reatividade das células da glia no estriado lesionado. Foi encontrada correlação positiva entre a intensidade da discinesia e a expressão de micróglia no estriado de animais WT e IFN-γ/KO. O IFN-γ parece não interferir na lesão dopaminérgica por 6-OHDA ou na LID. Entretanto, sua ausência contribui para alterações das reações inflamatórias no estriado lesionado após tratamento com L-DOPA.