Análise quantitativa por ressonância magnética da epilepsia parcial sintomática de difícil controle com imagem qualitativa negativa para lesão epileptogênica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Abud, Lucas Giansante
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-23042018-141223/
Resumo: A RM convencional de rotina pode ser inconclusiva a cerca de um terço dos pacientes com epilepsia parcial (focal) refratária. Esses pacientes com RM negativa, quando indicados para cirurgia, representam um grande desafio, visto que a identificação de uma lesão estrutural epileptogênica por esse método pode ser considerada o melhor fator prognóstico para eliminação das crises no período pósoperatório. O objetivo foi avaliar o rendimento e a utilidade da RM quantitativa por meio de pós-processamentos individualizados nesse grupo de pacientes. Trata-se de um estudo prospectivo de uma coorte de 46 pacientes com epilepsia focal farmacorresistente com RM-3 Teslas não lesional e potenciais candidatos a cirurgia. Todos os pacientes foram submetidos a um novo protocolo de RM, incluindo 3D T1 e técnicas avançadas, e, posteriormente, avaliados por pós-processamentos individualizados de cinco medidas quantitativas extraídas dessas sequências. Essas medidas consistiram em espessura cortical (EC) e do sinal de junção entre as substâncias branca e cinzenta (JBC), ambas extraídas da sequência 3D T1, assim como da relaxometria T2 (RT2), taxa de transferência de magnetização (TTM) e difusibilidade média (DM). Os dados extraídos de todo o cérebro foram individualmente comparados com um grupo de controle saudáveis, utilizando-se das técnicas de análise baseada em superfície para a EC e de análises baseadas em voxel para as demais medidas. Utilizou-se do videoencefalograma de superfície e semiologia das crises para determinar a possível zona epileptogênica (ZE), sendo que 31 pacientes foram considerados como foco localizatório suspeito (FLS). As medidas quantitativas detectaram individualmente mudanças de sinal em alguma região do cérebro de 32,6% a 56,4% dos pacientes. No subgrupo classificado como FLS, os pós-processamentos detectaram individualmente alterações na região de origem eletroclínica das crises em 9,7% (3/31) a 31,0% (9/29) dos pacientes. Esse rendimento foi mais alto com a DM (31,0% ou 9/29) e RT2 (25,0% ou 7/28) e mais baixo com a EC e JBC (9,7% ou 3/31). Alterações observadas fora da região presumida da ZE foram sempre superiores, variando de 25,8% (8/31) a 51,7% (15/29). Em cinco pacientes (5/46 ou 10,9%) foi possível identificar alteração estrutural após a avaliação visual com direcionamento localizatório pelos pósprocessamentos. Embora a análise quantitativa da RM individualizada possa sugerir lesões ocultas no protocolo convencional, é preciso ter cautela devido à aparente baixa especificidade dos achados. Nesse grupo de pacientes, essas alterações devem refletir não só as alterações na região da ZE, mas também anormalidades microestruturais secundárias às crises ou, menos provavelmente, malformações cerebrais extensas não visíveis nos protocolos de rotina. Uma potencial utilidade prática desses métodos é auxiliar na colocação de eletrodos intracranianos em casos selecionados. Por outro lado, o estudo mostrou capacidade de detectar lesões potencialmente epileptogênicas que passaram despercebidas na inspeção visual convencional da RM após reavaliações dirigidas pelos pós-processamentos, notadamente pela medida da EC. Isso sugere que essas técnicas podem ser usadas como uma ferramenta de triagem para evitar que qualquer lesão visível seja ignorada ou a fim de guiar uma nova inspeção visual dirigida para uma região suspeita.