Carbono em solos de cerrado: efeitos do uso florestal (vegetação nativa de cerradão versus plantios de Eucalyptus e Pinus)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Montero, Leda Lorenzo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-18072008-165341/
Resumo: Os objetivos do presente trabalho foram avaliar o potencial de acúmulo de carbono (C) em solos de cerrado sob diferentes usos florestais (Eucalyptus, Pinus versus vegetação natural) e as possíveis alterações ocorridas na ciclagem de nutrientes sob esse tipo de coberturas. Para isso, foram coletadas 30 amostras de solo (0-5, 10-25 e 35-50 cm) e de serrapilheira acumulada em plantios de Eucalyptus, Pinus e remanescentes de cerradão em quatro municípios do estado de SP, nas quais se determinou: pH, matéria orgânica (MO), C, macronutrientes e densidade, além da granulometria no solo. Os estoques de C do solo foram calculados através do ajuste e integração de equações exponenciais, obtendo-se valores entre 3,4 e 8,6 kgC.m-2.(na camada de 0 a 30 cm) e entre 5,7 e 11,3 kgC.m-2.(até 1m). Os resultados mostraram que a silvicultura de Eucalyptus e Pinus afeta o acúmulo de C e a ciclagem de nutrientes em áreas de cerrado. As alterações nos estoques de C ocorreram principalmente nos horizontes orgânicos e na camada superficial do solo em decorrência da substituição da MO original por outra de pior qualidade química. A influência do tipo de vegetação sobre o C da camada superficial do solo variou em função de características do sítio, verificando ganhos em alguns dos locais estudados, perdas em outros e ainda diferenças não significativas. Em profundidades maiores, o conteúdo de C mostrou-se fortemente relacionado com o teor de argila e diminuiu sob cultura de Eucalyptus e Pinus, sendo mais fortes as depleções sob Pinus. Nos plantios houve formação de horizontes orgânicos espessos, com concentrações de C elevadas. A concentração de nitrogênio (N), cálcio, magnésio e potássio do material aí acumulado foi menor do que nas áreas naturais, enquanto que a acidez e a relação C/N foram maiores. Isso pode inibir a decomposição, o que explicaria o maior armazenamento de C na serapilheira. A incorporação desse material ao solo implica em alterações da MO, que é um dos principais fatores de estruturação e fertilidade dos solos tropicais e foi afetada em quantidade e qualidade. As relações C/N quantificadas na camada superficial do solo foram significativamente maiores do que em áreas de vegetação natural, indicando substituição da MO nessa camada no tempo de vida dos plantios (~40 anos). Os resultados demonstram a ocorrência de alterações na qualidade química da MO na serapilheira e no solo superficial sob uso silvicultural, as quais podem originar maiores estoques e tempos de residência do C, mas também diminuições de recursos tróficos para a comunidade decompositora, com implicações no resto do ecossistema. Os resultados sugerem que a dinâmica do carbono do solo varia ao longo do perfil, sendo necessário esclarecer melhor os fatores que definem o carbono da camada superficial, maior em quantidade e mais sensível aos efeitos do manejo.