Contribuição para a caracterização clínica das ataxias hereditárias autossômicas recessivas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Leão, Emilia Katiane Embiruçu de Araujo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-09122009-155053/
Resumo: As ataxias hereditárias autossômicas recessivas compõem um grupo de doenças heterogêneas, que necessitam de criteriosa avaliação clínica, de exames complementares e, algumas vezes, de testes genéticos para o diagnóstico. A partir da revisão da literatura, foi elaborado um algoritmo para auxiliar a investigação diagnóstica deste grupo. Esta tese tem como objetivo apresentar os resultados da investigação de três formas de ataxias recessivas: 1. Síndrome de Joubert, caracterizada por hipotonia precoce, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, ataxia e padrão respiratório irregular no período neonatal ou anormalidades na motricidade ocular extrínseca. Apresenta amplo espectro clínico, assim como heterogeneidade genética. Alterações renal, hepática e da retina são freqüentes. A presença de hipoplasia do vermis cerebelar, alongamento dos pedúnculos cerebelares superiores e aumento da fossa interpeduncular, aos cortes axiais da ressonância magnética (RM) do encéfalo, constituem o sinal do dente molar, considerado critério radiológico obrigatório para o diagnóstico. Aqui é apresentada uma série de cinco pacientes que preenchem critérios clínicos e radiológico de síndrome de Joubert e tem grande variabilidade fenotípica: duas crianças têm a forma pura (subtipo 1), uma tem associadamente retinopatia (subtipo 3), uma tem amaurose congênita de Leber e alteração renal (subtipo 4) e a outra apresenta associadamente coloboma corioretiniano e alterações hepáticas (subtipo 5); 2. Ataxia com Deficiência de Vitamina E, que apresenta fenótipo semelhante ao da ataxia de Friedreich, progressão mais lenta, baixo nível sérico de -tocoferol e é tratável com reposição da vitamina E. Frequente no sul da Itália e norte da África, sem relatos no Brasil. Foram investigados quatro pacientes pertencentes a duas famílias: três apresentavam o quadro clínico típico acompanhado de distonia em mãos, manifestação pouco relatada, mas que pode contribuir para a diferenciação clínica com ataxia de Friedreich. O outro paciente foi identificado em fase pré-sintomática, após o diagnóstico ser estabelecido em dois irmãos, e permanece com sinais sutis de alteração do equilíbrio após de 5 anos de reposição de vitamina E. Nos demais, a reposição de vitamina E promoveu melhora dos sintomas e impediu que a doença se agravasse; 3. Xantomatose Cerebrotendínea, que está relacionada à alteração no metabolismo do colesterol, com redução na produção dos ácidos biliares e acúmulo de colestanol, um metabólito tóxico. Catarata congênita ou juvenil e diarréia crônica são manifestações precoces. Ataxia cerebelar, paraparesia espástica, declínio cognitivo e xantomas tendíneos completam o quadro clínico. Na RM do encéfalo, a presença de hipersinal nos núcleos denteados, nas sequências T2-pesada e FLAIR, é sugestiva da doença. Três pacientes, pertencentes a duas famílias, com alterações clínicas e radiológica foram investigados. Em todos, o colestanol sérico encontravase elevado. A espectrocopia por RM detectou no cerebelo pico em 1,2-1,4 ppm, sugestivo de lipídio, achado até o momento não descrito. Após início do tratamento com ácido quenodeoxicólico, observou-se melhora da marcha.