Avaliação do efeito de borda sobre a vegetação do cerrado stricto sensu inserido em matriz de pastagem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Mendonça, Augusto Hashimoto de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18139/tde-12082010-141506/
Resumo: O Cerrado é o bioma brasileiro que mais perdeu área para o agronegócio em anos recentes, verificando que a expansão da fronteira agrícola sobre o Cerrado provocou a pulverização dos remanescentes em fragmentos cada vez menores, imersos em matrizes de baixa similaridade, causando uma série de impactos negativos sobre o ecossistema natural. A fragmentação de habitats é considerada uma das mais graves ameaças à conservação da biodiversidade, com consequências ecológicas variáveis, intensificadas na faixa de transição entre matriz e fragmento. Os efeitos de borda são decorrentes de mudanças físicas e bióticas nas faixas marginais das ilhas de vegetação natural, que promovem modificações nas características microclimáticas, as quais conduzem a uma série de alterações importantes nas comunidades que compõem os ecossistemas. O objetivo deste estudo foi investigar a existência de efeito de borda e suas consequências sobre a comunidade vegetal do Cerrado stricto sensu. O estudo foi realizado em fragmento de Cerrado com área de 980,8 ha, localizado no município de Iaras, SP, cujo entorno foi ocupado por pastagem durante cerca de um século. Efetuou-se a caracterização estrutural e florística de diferentes estratos da vegetação em diferentes distâncias da borda (0, 10, 20, 40, 80 m) e coletaram-se dados microclimáticos na matriz (a 10 m de distância da borda) e no interior do fragmento, nas diferentes distâncias da borda e em duas estações do ano (seca e chuvosa). Investigou-se a existência de um possível gradiente de estrutura ou composição da vegetação relacionado com a distância da borda e com as variáveis microclimáticas. Os resultados obtidos mostraram não existir variações de microclima e de estrutura e composição do componente arbóreo e herbáceo-arbustivo em relação à distância da borda do fragmento. Embora independente do microclima e, portanto, diferente dos clássicos efeitos de borda, a invasão pela braquiária (Urochloa decumbens) foi detectada como a única consequência da exposição da periferia do Cerrado stricto sensu às pressões da matriz, causando exclusão das gramíneas nativas e inibindo o desenvolvimento de plantas lenhosas de pequeno porte. A ausência de efeito de borda sobre os demais componentes da vegetação sugere, em um primeiro momento, que esta não é uma ameaça importante para a conservação do cerrado. Porém, a invasão biológica pela gramínea africana é relativamente recente (foi introduzida há cerca de três décadas na propriedade) e suas consequências ainda não podem ser avaliadas adequadamente. É possível que seus impactos sobre os estratos superiores da vegetação venham a ser observados no futuro, quando a inibição da regeneração das espécies arbustivas e arbóreas comprometer a dinâmica da comunidade vegetal e a substituição dos adultos nas populações dessas espécies. Além disso, hoje a invasão só causa impactos significativos sobre a faixa de 0 a 20 m de distância da borda, mas não é possível prever se a gramínea invasora vai se expandir rumo ao núcleo do fragmento no futuro.