O mundo como herança: a sociedade dos nobres fidalgos de Espanha (s. XIII-XV)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Accorsi Junior, Paulo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-02102018-105351/
Resumo: Os primeiros estudos dedicados ao texto Livro de Linhagens do Conde D. Pedro de Barcelos definiram-se exclusivamente pelo interesse nas narrativas nele contidas. A restante matéria de que se compunha foi, assim, relegada ao estatuto de matéria genealógica, e, como tal, desprovida de interesse literário. Numa perspectiva distinta, o objetivo deste trabalho é tomar esta obra compilada pelo filho bastardo do rei D. Dinis de Portugal (1279-1325) em sua unidade enquanto discurso. Atendendo a apelos de medievalistas quanto à necessidade de se entrar em linha de conta com seu conteúdo ideológico, com seu sentido como obra de arte e suas relações com o contexto histórico social da crise de meados do século XIV, a pesquisa aponta como ponto de partida de suas possibilidades de emergência como texto, o vigoroso processo de senhorialização da sociedade portuguesa que teve início em meados do século XIII. O que não se fez sem que resistências surgissem no campo cultural. O Livro de Linhagens do Conde D. Pedro é reconhecido por sua pujança ímpar em relação a obras do gênero no panorama europeu, em especial, hispânico. A metodologia aplicada à análise do texto inspira-se em diretrizes estabelecidas pelas chamadas análises de conteúdo; principalmente pela de uma Semiótica narrativa e discursiva, privilegiando as relações entre texto e contexto. O trabalho busca demonstrar que esta obra é expressão da atualização do que os estudos de André Heusler e André Jolles definiram como saga, que tomamos como uma forma simples, cuja memória alimentou a produção textual promovida pelo processo de introdução da escritura cristã no Ocidente, que se estima situado entre anos 1150 e 1350. Igualmente, é nosso propósito demonstrar, através de um contraponto, que os primeiros textos literários da chamada prosa de Avis, do início do século XV, emergem como um projeto discursivo de redefinição do universo axiológico com que o texto do Livro de Linhagens constrói a visão de mundo de uma nobreza feudal tradicional. Assim, adapta seus valores e códigos de conduta ao exigido pela necessidade de incorporação de atores sociais emergentes no trânsito dos finais da Idade Média para os inícios da chamada Idade Moderna.