Redes digitais, espaços de poder: sobre conflitos na reconfiguração da internet e as estratégias de apropriação civil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Israel, Carolina Batista
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-24052019-102927/
Resumo: Esta pesquisa parte do pressuposto de que a Internet é um dispositivo sociotécnico não apenas indissociável do espaço geográfico, mas primordialmente tecido a partir das relações espaciais que o animam e que dele derivam. Estas relações espaciais e sociotécnicas produzem o incessante efeito de reconfiguração da geografia da Internet, enquanto espaço em movimento. O argumento desta tese é a de que a espacialidade da Internet define-se a partir de três dimensões complementares, a saber: uma dimensão de conectividade, responsável pela constituição do espaço reticular; uma dimensão lógica/informacional, a partir da qual o espaço virtual (ciberespaço) ganha forma; e uma dimensão normativa, encarregada da regulação da produção e usos da Internet. Argumentamos ainda que as relações e expressões espaciais que se formam no processo de configuração dessas dimensões possuem naturezas distintas, de acordo com o lócus de onde se originam os sujeitos, bem como de acordo com o projeto político de Internet que estes promovem e idealizam. O espaço da Internet define-se, desse modo, a partir de geometrias de poder que promovem políticas espaciais verticais ou hierárquicas de um lado e políticas espaciais horizontais ou distribuídas de outro. Considerando os argumentos supracitados, a hipótese central que aportamos é a de que a fricção entre as verticalidades e as horizontalidades socioespaciais, que se desenvolvem no processo de apropriação da aqui apresentada tridimensionalidade da Internet, despertam as territorialidades dos diversos setores da sociedade, dentre as quais as políticas espaciais horizontais promovidas intencionalmente pela sociedade civil possuem relevância no constante refazer das geometrias de poder da Internet. Para testar essa hipótese, empregamos quatro abordagens metodológicas: a análise de documentos e arquivos históricos relacionados ao desenvolvimento das redes digitais; pesquisa on-line para coleta de dados sobre organizações relacionadas ao nosso escopo; trabalho de campo em eventos voltados para a discussão e desenvolvimento de políticas para a Internet; entrevistas com integrantes de organizações civis que promovem ações de normatização, gestão, contestação e apropriação da Internet. Os resultados da pesquisa revelam uma densa presença de organizações civis em cada uma das dimensões investigadas, associada a uma capacidade de articulação entre entidades com habilidades e competências distintas para a construção de uma agenda comum e maior capacidade de incidência.