O efeito da exposição ao calor sobre o desempenho cognitivo de idosos: um estudo controlado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Trezza, Beatriz Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-13052015-084847/
Resumo: Introdução: Concomitante ao processo de envelhecimento populacional, estão ocorrendo mudanças climáticas, sendo a principal delas o aquecimento global. O envelhecimento leva a mudanças tanto nos mecanismos de termorregulação quanto no desempenho cognitivo. Embora inúmeros estudos tenham avaliado o efeito do calor sobre a cognição de adultos jovens, este é um tema praticamente inexplorado na população geriátrica. Objetivos: Avaliar o efeito da exposição ao calor sobre o desempenho cognitivo de idosos saudáveis e identificar fatores que expliquem as variações na susceptibilidade ao estresse térmico nesta população. Casuística e Métodos: 68 idosos com bom desempenho físico e cognitivo realizaram uma bateria de testes neuropsicológicos em duas condições ambientais: 24oC (controle) e 32oC (calor). Através de cinco testes selecionados da Bateria Neuropsicológica Automatizada de Testes de Cambridge (CANTAB), foram avaliados diferentes aspectos do desempenho cognitivo com foco principal em memória, atenção e velocidade de processamento. Um escore composto global de desempenho cognitivo foi criado usando a medida mais representativa de cada um desses testes. Antes e após cada uma das sessões de testes, foram aferidos o peso corporal, a temperatura axilar, a temperatura auricular, a frequência cardíaca e a pressão arterial. Por meio da análise de variância para medidas repetidas (ANOVA), verificou-se a interação entre o efeito da temperatura na cognição (avaliada pelo escore composto global) e características sociodemográficas (idade, sexo, educação, cor), frequência de exercício físico e umidade relativa registrada durante o protocolo de exposição ao calor. Adicionalmente, foi também desenvolvido um modelo de regressão linear multivariada a fim de identificar variáveis independentes que explicariam a susceptibilidade ao estresse pelo calor. Resultados: A idade média da amostra foi de 73,28 anos. 42,9% dos indivíduos relataram praticar atividade física quatro ou mais vezes por semana. As temperaturas auriculares e axilares aumentaram significativamente após a exposição ao calor, sendo que as diferenças médias encontradas foram de 0,55 e 0,43oC respectivamente. Não foram observadas diferenças significativas entre quaisquer medidas individuais de desempenho ou no escore composto global quando comparamos o desempenho cognitivo sob as duas temperaturas experimentais. Na análise de interação, somente os níveis de umidade registrados durante o protocolo de exposição ao calor e a frequência da prática de exercícios modificaram significativamente o efeito da temperatura sobre o desempenho cognitivo. Os sujeitos expostos a maior umidade relativa do ar no protocolo de calor e os voluntários menos ativos apresentaram piora no desempenho cognitivo na sessão a 32oC. Estes achados foram confirmados num modelo de regressão linear totalmente ajustado. Conclusão: A análise principal mostrou que o desempenho cognitivo de idosos com boa funcionalidade não sofreu efeito deletério da exposição ao calor. No entanto, os voluntários expostos ao calor mais úmido e aqueles que relataram menor frequência de exercício físico apresentaram pior desempenho na sessão de calor que na de controle. As variáveis sócio-demográficas como idade, gênero, escolaridade e cor não tiveram influência na susceptibilidade ao estresse térmico