Considerações tipológicas sobre transitividade em línguas bantu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Madrid, Rodrigo Lazaresko
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-06032023-123705/
Resumo: Esta tese investiga construções presentes no grupo bantu (família nigero-congolesa) que desafiam a correlação entre funções sintáticas (sujeito e objeto) e papéis semânticos (agente e paciente) presumida como prototípica para línguas consideradas acusativas. O objetivo deste trabalho, portanto, é analisar qual estratégia de conceitualização de eventos é acionada por esse tipo de construção nas línguas bantu. Por meio de uma pesquisa documental, foram coletados dados de línguas bantu de todas as chamadas zonas Guthrie em gramáticas, esboços gramaticais e artigos científicos sobre línguas e/ou construções específicas ligadas a fenômenos de transitividade. Três construções presentes em línguas bantu são detalhadas ao longo da tese: construções verbais para expressar qualidades, construções de inversão e extensões verbais (de elevação e redução de valência). Essas construções revelam que a transitividade nas línguas bantu não deve ser compreendida de modo categórico (distinção entre verbos transitivos e intransitivos), e que há características nessas línguas que as aproximam de línguas tipologicamente distintas. Nesse sentido, a análise levou em consideração a proposta de Hopper & Thompson (1980), que considera parâmetros semânticos para a transitividade, bem como a de Klimov (1974), que identifica características tipológicas na transitividade para além da relação entre o verbo e seus argumentos. Ainda como parte do arcabouço teórico, foram utilizados princípios e conceitos da Gramática Cognitiva (Langacker, 1987, 1991, 2008), sobretudo os que descrevem a expressão linguística de capacidades cognitivas como a distinção entre coisas e relações e entre figura e fundo. Concluo que as três construções analisadas são expressões de uma conceitualização de eventos orientada aos eventos - adotando o termo proposto por Wichmann (2007) - em que os fenômenos de transitividade estão mais ligados à morfossemântica que à morfossintaxe. Além disso, apresento dois caminhos possíveis para o aprofundamento do estudo: a investigação diacrônica sobre a transitividade bantu e o estudo comparativo com outras línguas nigero-congolesas não bantu.