Abertura da teleficção no Brasil: as minisséries da Rede Globo de Televisão (1982 - 1992)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Dimitri Pinheiro da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-02032016-153857/
Resumo: Esta tese toma por objeto a teleficção brasileira, mais especificamente as minisséries produzidas pela Rede Globo de Televisão entre 1982 e 1992. A análise aborda aspectos centrais para a produção desses programas: as determinantes sociais e políticas mais gerais, os sentidos atribuídos pelos produtores, as lógicas de distribuição das principais propriedades sociais, os mecanismos de recrutamento, os princípios de hierarquização vigentes na indústria televisiva, as convenções e os conteúdos ideológicos dos produtos. Sob a conjuntura de efervescência social e política que marca esse período, o conglomerado mais dinâmico da indústria cultural no Brasil iniciou a diversificação dos seus formatos teleficcionais, visando predominantemente a obtenção de rendimentos simbólicos. Oferecendo ao público ampliado programas sofisticados, a Rede Globo angaria para si uma respeitabilidade pública que lhe permite neutralizar um amplo arco de acusações, mas, sobretudo, a plataforma pela democratização dos meios de comunicação defendida por movimentos sociais e partidos de esquerda. Do ponto de vista interno, todavia, as minisséries são muito valorizadas. Idealizada como via de aprimoramento das telenovelas, essa produção também abre margem para experimentação no próprio âmbito da arte comercial, razão pela qual se prestam melhor às pretensões autorais de roteiristas e diretores propensos a expressar suas perspectivas pessoais sobre o mundo e a teleficção, expondo de modo mais explícito o viés pedagógico subjacente às tramas, aos diálogos e à visão de mundo típica da indústria cultural brasileira. A análise detida de uma amostra de minisséries que abrange as principais linhas temáticas exploradas pela Rede Globo naquele interregno cuida de discernir as tomadas de posição mediante às quais o aparelho ideológico estabelece significações e hierarquiza valores acerca de questões fulcrais na experiência social brasileira, mas também as estratégias acionadas pelos produtores nos limites da margem de que dispõem para incutir nos programas traços pessoais que reforçam, atenuam ou mesmo contrariam o sentido geral imperante. O conteúdo das minisséries delineia um gradiente que parte da abordagem explícita de tópicos interditados seja por racionalidade política, seja pela lógica comercial , até o apelo em graus mais ou menos atenuados a estratégias alusivas. Não por acaso, os assuntos que põem em funcionamento as estruturas de contenção da indústria cultural repercutem os solavancos a pontuar a modernização em marcha forçada da sociedade brasileira: a desagregação do patriarcado, o preconceito racial, o autoritarismo político e, permeando todos eles, o papel despenhado pela própria mídia em diversos registros.