Pelecípodes da Formação Piauí (Pensilvaniano Médio), Bacia do Parnaíba, Brasil

• Ano de defesa: 1994
• Autor(a) principal: Anelli, Luiz Eduardo
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Not available.; Sedimentologia
• Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-21062013-111346/

Descrevem-se 21 táxons de pelecípodes provenientes de três facies carbonáticas da parte superior da Fomação Piauí (Pensilvaniano médio), aflorantes na região nordeste da Bacia do Parnaíba. Duas novas espécies (Schizodus mocamboensis e Oriocrassatella piauiensis) são propostas e sete gêneros examinados permanecem ainda indeterminados, aguardando a obtenção de material de melhor preservação. Por outro lado, quatro táxons identificados em estudo anterior não foram localizados nas coleções estudadas. Os calcários fossilíferos estudados (Mocambo, Contendas e Meruóca) são denominados a partir de fazendas da região, onde se localizam pedreiras para extração de calcário. Nesses locais os carbonatos ocorrem associados a argilitos, siltitos e arenitos. As relações estratigráficas entre as diversas ocorrências é ainda pouco conhecida. De modo geral, considera-se que os sedimentos terse-iam depositado em ambiente marinho raso, de plataforma carbonática, ou lagunar. Além de pelecípodes (56%), espécies de macroinvertebrados marinhos atualmente reconhecidas nas assembléias incluem: braquiópodes (23%), gastrópodes (10%), trilobites (5%), cefalópodes (3%) e briozoários (3%). A fauna é, portanto, dominada pelos moluscos (69%). Dentre os microfósseis, são abundantes os foraminíferos arenáceos e calcários, conodontes, fragmentos de crinóides e equinodermos, e ostracodes, sendo mais raros os escolecodontes, espículas de esponja, fragmentos de peixes e restos vegetais. A análise tafonômica da fauna sugere que as formas da infauna profunda foram preservadas in situ, possivelmente pelo aumento relativamente brusco da taxa de sedimentação, enquanto as formas da epifauna, semi-infauna, e da infauna rasa e intermediária, sofreram remobilização, com transporte lateral das conchas relativamente pequeno e rápido soterramento. Quanto ao hábito de vida, os pelecípodes subdividem-se em: escavadores rasos (47%), epifauna bissada (26%), escavadores profundos (11%), semi-infauna bissada (11%) e escavadores intermediários (5%). O predomínio absoluto de formas suspensívoras (91%) sobre as formas detritívoras (9%), dentre os pelecípodes, associadamente às feições tafonômicas da assembléia, sugere um substrato bentônico marinho, pelo menos moderadamente agitado. A presença frequente de invertebrados estenohalinos na assembléia, evidencia um nível de salinidade normal, durante a deposição das facies Mocambo, contendas e Meruóca. Fatores físicos e ecológicos, tais como, batimetria, nível de oxigênio dissolvido na água, salinidade, presença de predadores etc., podem ter sido determinantes na composição da assembléia da Fomação Piauí. Várias características das assembléias estudadas permitem interpretá-las como tipicamente \"tetianas\" e afins a outras assembléias do norte da América do sul, e do sul da América do Norte. Dentre as mais importantes, destacam-se a presença de muitos dos táxons típicos (e.g., Wilkingia, Permophorus, Astartella, pteronites), a associação com vários indicadores paleoclimáticos biológicos e sedimentológicos compatíveis com a posição paleolatitudinal da parte norte da América do Sul próxima ao Equador, durante o Neocarbonífero.